Os Embalos de Sábado Continuam (Staying Alive – 1983)
A direção do Sylvester Stallone (por mais inadequada que seja neste caso) consegue transformar o dramalhão que havia sido o filme original, em uma vibrante história de superação. Por mais clichê que seja o processo de desenvolvimento do personagem principal neste filme, acabamos comprando sua batalha pessoal.
Se no clássico de John Badham nós vimos Tony Manero caminhando confiante, neste praticamente nos juntamos a ele e torcemos por sua vitória. Não importa se as escolhas do diretor são questionáveis ou coerentes com o que os fãs na época esperavam, ele consegue injetar ritmo e emoção em seus trabalhos, basta analisar os filmes da série “Rocky” que ele dirigiu.
A crítica da época se focou no físico de John Travolta, que refletia o tipo dos heróis de ação do período. A realidade é que se observarmos a história, faz todo sentido. Ao final de “Os Embalos de Sábado à Noite”, o futuro do personagem principal é uma incógnita. Ele se realizava dançando na discoteca, onde extravasava toda a sua angústia interior e se sentia realmente amado, admirado.
Stallone (responsável pelo roteiro, co-escrito pelo criador do original: Norman Wexler) simplesmente segue o raciocínio lógico e nos mostra Tony após cinco anos, lutando para se firmar como dançarino na Broadway. O porte atlético de Travolta (conseguido com a ajuda de Stallone) condiz com sua atividade, mesmo que se distancie muito de sua constituição franzina no primeiro filme.
A trilha sonora dos Bee Gees não legou tantos clássicos como a de 1977, mas trouxe ótimas canções como a bela balada “Someone Belonging to Someone” e a dançante “The Woman in You”. Até mesmo a música tema (“Far from Over”, de Frank Stallone) e a que simboliza o apoteótico final (“We Dance so Close to the Fire”, de Tommy Faragher) não desapontam.
Então, se a história não é tão ruim e a trilha não faz feio, porque é lembrado popularmente com deboche? Mesmo com todas as boas intenções e o carisma do elenco (a química entre John Travolta e a vilã Finola Hughes é fantástica), o tom da obra pecou pelo exagero em certos momentos. O apreço do diretor pelos clipes, tão utilizados em suas outras produções, incomoda um pouco neste, já que são muitas montagens musicais.
Se houvesse apenas a de início e a do final já seriam suficientes, mas temos que ver clipe do Travolta no banho (ao som de “Look out for Number One”), clipe dele esperando um telefonema, entrando em uma festa (“Moody Girl”), passeando com o seu novo amor (“I Love You Too Much”), escutando o desabafo musical de sua namorada (“Finding Out the Hard Way”) e treinando para a batalha dançante final ao som da chatinha “I’m Never Gonna Give You Up”.
Finalizando, tenho que confessar que adoro os últimos vinte minutos. Após passar o filme todo humilhando o Travolta, a personagem de Finola Hughes (sua parceira no show) chega para ele no camarim e diz que ele não tem talento. A câmera dá um close em nosso herói de tanga, transtornado e pronto para a vingança.
Stallone dirige de maneira épica a dança final, tal qual faria em sua série “Rocky”. Dá-lhe músicas inspiracionais (com ênfase no refrão: “pegue este momento e brilhe… tenho que estar no vitorioso final”) enquanto Tony Manero se esforça em sua tão sonhada estreia na Broadway.
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Concordei com tudo o que disse acima, você realmente fez uma critica verdadeira e única, com sua opinião própria e a de mais ninguém, parabéns deveria ter mais críticos assim com essa capacidade e dignidade.