Bruce Lee foi o causador do fenômeno que levou o gênero para o ocidente no início da década de 70, porém, as artes marciais no cinema vão muito além do pequeno dragão. O seu prematuro falecimento e o desespero por abastecer o interesse de fãs do mundo inteiro, levou a indústria oriental a buscar um substituto.
O carisma inigualável de Lee tentou ser emulado por nomes “originais” como “Bruce Liu”, “Bruce Le” e “Bruce Leung”, mas os astros que conseguiram despontar para o mercado internacional eram os que apresentavam algum diferencial. Jackie Chan, Sonny Chiba, Bolo Yeung, Jim Kelly, Sammo Hung, Donnie Yen, Chang Cheh (diretor), Michelle Yeoh, Jet Li, Chuck Norris, Angela Mao, Lau Kar-leung (diretor), Jean-Claude Van Damme, Cynthia Rothrock, Steven Seagal, Jason Statham e Tony Jaa, são alguns dos mestres deste gênero injustamente subestimado.
Tudo começou com as Óperas de Pequim, o tradicional teatro chinês que combinava acrobacia, dança e mímica. O cinema de artes marciais foi constituído em seu início por vários artistas de teatro, desempregados após o enfraquecimento do interesse do público, por volta das décadas de 40 e 50. A jovem indústria cinematográfica de Hong Kong acolhia esses profissionais e emulava em suas produções o uso vibrante das cores, inclusive nas maquiagens, e o tom operístico dos dramas.
Antes de Bruce Lee, o grande herói chinês era Wong Fei Hung, personagem real na história do país, homenageado em várias obras, como o clássico “The Drunken Master”, com Jackie Chan, vivido por Kwan Tak Hing em uma longa série de filmes.
O Dragão Chinês (Tang Shan da Xiong – 1971)
Cheng (Bruce Lee) encontra trabalho em uma fábrica de gelo, porém, este é um negócio que serve de fachada para uma terrível atividade secreta, o tráfico de drogas. Após vários trabalhadores serem mortos ao descobrirem a verdade, o enfurecido Cheng coloca de lado a sua promessa de nunca mais usar seus punhos, enfrentando o patrão e seus capangas.
Este foi o primeiro filme de Bruce Lee que eu vi, em minha fase exploratória pré-adolescente, após ler muito sobre ele. A trama ajudou muito na criação da catarse que ocorre no terceiro ato, pois passei o tempo todo torcendo para que ele desferisse um soco. Respeitando a promessa de que nunca seria consumido pela violência, o protagonista é repetidamente alvo de deboche, demonstrando em seu rosto a raiva se acumulando.
Como espectador, estava querendo ver aquela lenda em ação. Você sente aquela energia contida nos punhos dele, enquanto todo tipo de desgraça ocorre ao redor, envolvendo todos por quem nutre carinho. Quando ele então é levado ao seu limite, prova para o mundo sua incrível habilidade. Após o melancólico final, eu estava pronto para conhecer todos os seus filmes, boquiaberto com o que havia acabado de ver.
“O Dragão Chinês” é o mais fraco dos filmes que fez para a “Golden Harvest”, mas acredito que seja a melhor introdução para aqueles que buscam entender o mito que envolve o astro.
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