Críticas

“007 – Permissão Para Matar”, de John Glen, na AMAZON PRIME

007 – Permissão Para Matar (Licence to Kill – 1989)

Utilizando uma cruel sequência inserida no segundo livro de Ian Fleming: “Live and Let Die”, os produtores decidiram criar para este filme, o último dirigido por John Glen, uma razão consistente para que o agente ousasse se rebelar contra seus superiores e planejasse cuidadosamente um ato de vingança.

O traficante de drogas latino Franz Sanchez, interpretado magistralmente por Robert Davi, sequestra Felix Leiter (David Hedison), o velho amigo de James Bond, logo após seu casamento.

Sanchez elimina friamente a esposa e, com extremo sadismo, assiste enquanto o homem tem suas pernas destroçadas lentamente por tubarões. Obviamente o agente irá partir em uma missão de vingança, em que utilizará sua inteligência para infiltrar-se na gangue do vilão e, ganhando sua confiança, destruí-lo moralmente e, claro, fisicamente.

Impossível imaginar Roger Moore ou até mesmo Sean Connery, capitaneando obra tão crua, muito se disse na imprensa inglesa da época sobre a ausência do estilo tradicional da franquia, parecendo mais com os filmes de ação que eram realizados pelos norte-americanos.

A importância de Timothy Dalton na franquia é, por algumas pessoas e sem razão, subestimada.

Um jovem e estreante Benicio Del Toro interpreta o cruel ajudante do vilão: Dario. No papel da Bond Girl: Pam Bouvier, a belíssima Carey Lowell. Pam é a única informante viva da CIA que conhece os planos do traficante.

Nesta época em que o herói limitava suas aventuras amorosas, devido às mudanças na sociedade, após a ascensão da Aids, ele terá a companhia de apenas mais uma jovem, a linda Talisa Soto, que vive Lupe Lamora, que sofre nas mãos de seu proprietário e buscará refúgio em James Bond, ajudando-o ao longo da missão. Este filme possui talvez a dupla mais linda de Bond Girls da história da franquia.

A cena de ação mais famosa do filme é uma homenagem à perseguição de carros em Las Vegas em “Os Diamantes são Eternos”. Ao contrário do Mustang vermelho da obra citada, desta vez é um caminhão tanque que irá se movimentar apoiado apenas em duas rodas.

A trilha sonora ficou nas mãos de Michael Kamen e a elegante canção-tema foi interpretada por Gladys Knight. A música dos créditos finais tornou-se um hit na época: “If You Asked Me To”, cantada por Patti LaBelle.

O orçamento do filme foi de 40 milhões de dólares e a arrecadação nos Estados Unidos não conseguiu superar o orçamento, faturando apenas 34,7 milhões. Muitos creditaram este fracasso comercial ao tom realista e violento que os produtores incutiram no filme.

Eu considero “007 – Permissão para Matar” um dos melhores na franquia, pleno em aventura e suspense, com um agente secreto obstinado e interpretado com paixão por Dalton.

Acredito que quanto mais estabelecida for uma franquia, mais interessantes são os desvios realizados, as obras em que os roteiros ousam novos caminhos, muitas vezes subvertendo suas próprias verdades, desafiando a fidelidade ao cânone.

Após o filme, ocorreram problemas legais entre os produtores e os detentores de direitos autorais sobre a obra de Fleming, o que veio a atrasar a produção do terceiro filme com Dalton.

Após um longo hiato de 5 anos, o ator não quis mais esperar e decidiu rescindir seu contrato, que valia para 3 filmes. Os problemas que a franquia estava passando prejudicaram a saúde do produtor Albert Broccoli, que já vinha sofrendo de problemas cardíacos, tornando-o incapaz de continuar conduzindo seu trabalho.

Os 6 longos anos sem novidades fizeram com que os fãs acreditassem que o personagem havia visto seus últimos dias, mas James Bond estava apenas recarregando sua Walther PPK…

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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