007 Contra a Chantagem Atômica (Thunderball – 1965)
Após o diretor anterior ter injetado adrenalina na franquia já em ascensão, Terence Young reassumiria o comando pela última vez. A produção foi marcada por uma forte desavença jurídica.
Quando Ian Fleming escreveu o livro “Thunderball” em 1961, ele pretendia que este fosse o roteiro para a primeira aventura do agente no cinema, inclusive recebendo ajuda de um coautor: Kevin McClory (que depois incluiria Jack Wittingham no processo de criação), que criou o personagem Emilio Largo e a organização S.P.E.C.T.R.E. Mas quando o projeto do filme foi cancelado, Fleming novelizou o roteiro escrito por ambos, sem citar a parceria.
Este duelo de paternidade da obra rendeu problemas futuros (como o filme bastardo da série, lançado em 1983: “Nunca mais Outra Vez”) e um pequeno atraso na produção.
Na trama, uma organização criminosa sequestra duas bombas atômicas e ameaça destruir uma cidade inglesa ou uma cidade norte-americana, caso não receba um polpudo resgate. O agente 007 é enviado às Bahamas para deter os planos nefastos de Blofeld e seu braço direito Emílio Largo, vivido pelo italiano Adolfo Celi, que, inclusive, sugeriu a ideia do tapa-olho que seu personagem utiliza, por considerá-lo um pirata da Guerra Fria. O ator chegou a dirigir muitos filmes para os estúdios brasileiros Vera Cruz, tendo sido casado durante muito tempo com a atriz Tônia Carrero.
A Bond Girl foi interpretada pela Miss França: Claudine Auger. Dominique Derval (Domino) é amante do vilão e só mudará de parceiro ao descobrir que seu irmão (Paul Stassino) era apenas mais um peão dispensável no tabuleiro da organização de Blofeld.
A intenção era repetir o êxito obtido anteriormente com a canção interpretada por Shirley Bassey, logo, os produtores escolheram o cantor em ascensão: Tom Jones, conhecido por seu timbre grave e estilo semelhante ao de Elvis Presley, que até foi cotado para interpretar a canção, assim como Johnny Cash, que chegou a criar uma letra para ela. “Thunderball”, composta por John Barry, emplacou e ficou em vigésimo quinto lugar na parada de “Top 100” da revista Billboard.
O que muitos não sabem é que esta deveria ter sido a primeira vez que a canção-tema homenagearia o herói. “Mr. Kiss Kiss Bang Bang” chegou a ser gravada por Shirley Bassey (e logo em seguida por Dionne Warwick), mas foi descartada nos estágios finais da pós-produção. Barry então precisou unir-se às pressas com o letrista Don Black, para preparar a nova canção, que seguindo o molde da anterior, celebraria o vilão.
Algumas cenas marcaram e são lembradas com carinho pelos fãs, como a espetacular fuga do espião pelos céus utilizando uma mochila voadora (Jet Pack), facilmente encontrada em exibições hoje em dia, mas muito à frente de seu tempo em 1965, quando ainda era material exclusivo dos contos mais criativos de ficção científica.
Sean Connery aqui apresenta seu ápice criativo como intérprete do personagem James Bond, esbanjando carisma. Um exemplo acontece na cena entre o espião e Fiona Volpe (vivida por Luciana Paluzzi), que invade o quarto dele. Ao constatar a presença do herói, a bela mulher lhe pede algo que possa vestir para sair da banheira, no que James ironicamente lhe estende um par de chinelos.
Após a conclusão das filmagens, Connery começou a mostrar cansaço em divulgar o trabalho, aliado a um problema que passava em seu casamento, negando as usuais entrevistas e buscando afirmar sua versatilidade como ator.
O filme foi o primeiro a utilizar câmeras submarinas, levando um prêmio da Academia por seus efeitos especiais inovadores. Maurice Binder trabalharia pela primeira vez na franquia com o sistema Panavision, o que estimulou sua criatividade ao elaborar os estilizados créditos de abertura, entregando pela primeira vez silhuetas de mulheres nuas, assim como também o levou a substituir o dublê que efetuava o disparo no “cano da arma” nos filmes anteriores, por uma gravação com o próprio Connery.
Como ponto negativo, além da morosidade nas longas sequências submarinas, as muitas mãos no roteiro (Fleming, McClory, Jack Wittingham, Richard Maibaum e John Hopkins) são um fator que atrapalhou um pouco o ritmo, tornando o filme, por vezes, desorientado.
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