Amém (Amen. – 2002)
O diretor que já havia revolucionado ao abordar a política ditatorial em seu filme “Z” (1969) demonstra em “Amém” uma segurança raras vezes vista no panorama cinematográfico mundial. Costa-Gavras nunca foi homem de se omitir perante as coisas que ele considerava erradas na sociedade, ele utiliza seus filmes como reais formadores de opinião.
Com “Amém” ele critica duramente as fundações da igreja católica como instituição, sempre presente em assuntos de menor importância, mas quando o mundo precisou de sua ajuda, força capaz de impedir os males perpetrados pelo nazismo contra os judeus, ela escolheu simplesmente se omitir, consentindo assim com o maior crime já cometido pelas mãos dos homens.
A história se passa na Alemanha de 1936. Enquanto investigava o falecimento de sua sobrinha, eliminada numa câmara de gás por ser doente mental, o agente especial nazista Kurt Gerstein (vivido por Ulrich Tukur), químico especializado na área de higienização, é enviado para os campos de concentração de Auschwitz, na Polônia, a fim de acompanhar o tratamento aos judeus dados como deportados do país. Aterrorizado com a visão do massacre em massa nas câmaras de gás, que até então desconhecia, Gerstein retorna a Berlin com a certeza de que deve denunciar a ação do governo de Hitler, para que o povo se rebele contra o ditador.
Sabendo que somente uma ação direta do Papa seria capaz de mobilizar a multidão e cessar o extermínio (maravilhosamente simbolizado no filme com os sucessivos trens que iam fechados e voltavam vazios para levarem mais inocentes ao fim brutal), mas a igreja vira as costas. Gerstein receberá a ajuda do jovem padre jesuíta Riccardo Fontana (Mathieu Kassovitz), cuja proximidade de sua família ao Papa Pio XII poderiam fazer chegar ao mundo informações quanto à matança em escala industrial de seres humanos realizada na Alemanha.
O resultado é histórico e reconhecido por todos. Costa-Gavras realiza um trabalho perfeito tecnicamente, com ótimas atuações e que consegue sucesso em seu maior objetivo: fazer pensar e rever os conceitos por trás de homens que se julgam deuses ou representantes de deuses na Terra.
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