Críticas

“A Incrível Suzana”, de Billy Wilder, com GINGER ROGERS

A Incrível Suzana (The Major and The Minor – 1942)

Susan Applegate é uma jovem que se fartou da vida em Nova Iorque e regressa para a sua casa no Iowa. Como a sua poupança, feita ao longo do tempo, não é suficiente para pagar a passagem de volta, ela disfarça-se de menina de doze anos para poder comprar meia-passagem. Mas, as suas complicações começam mesmo quando ela divide um compartimento com Kirby, um major do exército.

A estreia de Billy Wilder em Hollywood, no filme que serviria de molde para um dos maiores sucessos de Jerry Lewis e Dean Martin: “O Meninão”. A trama, como quase todas na carreira do diretor, esconde uma alta dose de anarquia e ousadia, por trás do véu da ingenuidade de uma comédia romântica.

O diretor coloca a censura do “Código Hays” para brincar de “bobinho”, com um roteiro que aceitava a possibilidade de uma mulher com as belas pernas torneadas de Ginger Rogers, na melhor interpretação de sua carreira, numa improvável situação de desespero, fazer todos pensarem que ela era uma inocente criança com laços de fita no cabelo.

Ingenuidade encantadora que, apesar de soar datada nos tempos atuais, segue eficiente nas possibilidades hilárias que o roteiro encontra para atrapalhar os planos da protagonista.

Na relação dela com a jovem irmã (Diana Lynn) da esposa do Major Kirby (Ray Milland, com quem trabalharia novamente no ótimo “Farrapo Humano”), percebemos Wilder, com o auxílio de Charles Brackett, em sua zona de conforto, divertindo-se ao elaborar diálogos irônicos que continuam surtindo o mesmo efeito, ainda que com os pés firmes em sua época (Greta Garbo é alvo de uma das melhores tiradas, logo no início do filme).

Wilder novamente trabalharia o conceito da farsa/disfarce como catalisador dramático no excelente “Quanto Mais Quente Melhor”.

* O filme pode ser facilmente encontrado garimpando na internet.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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