Críticas

“A Aldeia dos Amaldiçoados”, de Wolf Rilla

A Aldeia dos Amaldiçoados (Village of the Damned – 1960)

Em uma cidade da Inglaterra todos, de forma inexplicável, desmaiam por algumas horas. Meses depois, as mulheres ficam grávidas. Mas a crianças que nascem demonstram ter estranhos poderes.

A refilmagem da década de 90, dirigida por John Carpenter, existe apenas para reforçar a contundência do original, que de maneira mais objetiva e simples, transmitia melhor a mensagem contida no livro “The Midwich Cuckoos”, do inglês John Wyndham.

A versão mais recente, por incrível que pareça, ficou datada, enquanto a obra dirigida pelo alemão Wolf Rilla continua eficiente na atmosfera opressiva que envolve cada aproximação das crianças, potencializada pela trilha sonora de Ron Goodwin, que faria “Frenesi”, de Hitchcock.

O horror é trabalhado onde melhor prospera, no subconsciente do espectador, que acaba sempre imaginando situações mais sombrias do que qualquer roteirista poderia conceber. O brilho nos olhos das crianças foi um recurso inserido para o mercado norte-americano, enquanto os ingleses ficaram com uma versão mais sutil da execução dos poderes alienígenas. É difícil imaginar o filme sem este traço característico.

A presença de George Sanders e Barbara Shelley traz respeitabilidade e ainda mais refinamento, servindo como a âncora de humanidade que torna tudo crível, tendo a ameaça das crianças loiras como uma alegoria para o pavor de se formar uma juventude como a que apoiou Hitler na Alemanha. O garoto Martin Stephens, líder do grupo, faria no ano seguinte o excelente “Os Inocentes”, de Jack Clayton.

O que mais gosto no roteiro é o arco narrativo do personagem de Sanders, um professor extremamente racional que é confrontado com uma parentalidade inesperada, com uma esposa muito mais jovem em um relacionamento desgastado, desprovido de emoções.

Ele reage inicialmente com fascínio perante um evento fantástico, deixando pela primeira vez em muito tempo sua emoção subjugar sua razão, até perceber desolado que aquele nascimento não representava uma bênção, mas sim uma maldição que afetaria todo o mundo. Esta triste constatação conduz a obra ao seu impactante desfecho.

Uma pérola que só melhora a cada revisão.

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Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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