A Sombra do Pecado (Cast a Dark Shadow – 1955)
Um esperto caçador de fortunas (Dirk Bogarde), com uma propensão para o assassinato, elimina sua esposa e consegue fugir.
O diretor britânico Lewis Gilbert ficaria famoso internacionalmente por comandar três produções emblemáticas da franquia “007” (como “O Espião Que Me Amava”, em 1977), mas realiza nesta adaptação da peça de Janet Green (responsável por “A Teia de Renda Negra” e “Meu Passado me Condena”) sobre um jovem Barba Azul, um legítimo Noir da melhor qualidade. Muito ajudado pela vigorosa interpretação de Dirk Bogarde, como Teddy Bare (bom trocadilho com Bear, Ursinho Teddy), um jovem que utiliza generosamente seu charme para acumular fortuna.
Muito interessante a forma que a câmera enquadra a cadeira de balanço da viúva, como se nela estivesse retida a força vital da mulher, que continua perseguindo a consciência do homem, mesmo após a morte. O roteiro trabalha sutilmente a possibilidade de homossexualidade no jovem, interpretado com certa afetação por Bogarde, como quando ele é visto lendo uma revista de fisiculturismo masculino.
Vale destacar a fotografia do excelente Jack Asher, que traria elegância para as produções de terror dos estúdios Hammer, que trabalha, como de costume no estilo, legado do Expressionismo Alemão, as sombras, como se gradualmente aprisionassem o protagonista, até uma cena importante em que apenas seus olhos são iluminados.
O desfecho é surpreendente, não perdeu sua eficiência, e o filme merece constar entre os mais interessantes do gênero.
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