Críticas

“O Lugar Onde Tudo Termina”, de Derek Cianfrance

O Lugar Onde Tudo Termina (The Place Beyond The Pines – 2013)

O diretor Derek Cianfrance repete sua parceria com Ryan Gosling, após o excelente “Namorados Para Sempre” (Blue Valentine), prejudicado no mercado brasileiro pela péssima escolha de título, explorando as escolhas de um homem marcado por sua própria inconsequência e desapego, tendo que aprender a lidar com a responsabilidade de ser pai.

O problema é que Luke, Gosling em um papel confortável, só conhece a sobrevivência através dos erros, fazendo com que ele opte pela solução mais coerente com seu modo de vida: a ilegalidade. Ele busca manter sua família unida, dando ao seu filho tudo o que ele próprio não recebeu, porém será perseguido pelo policial Avery, Bradley Cooper, em excelente atuação.

O roteiro, escrito por Cianfrance, Ben Coccio e Darius Marder, inteligentemente se alterna entre acompanhar esta jornada e vislumbrar o futuro, mostrando o relacionamento entre o filho de Luke e o filho do policial que confrontava seu pai, quinze anos antes.

A evolução narrativa de Avery, no segundo ato, ponto alto da produção, favorecida pela presença de coadjuvantes impecáveis, como Ray Liotta e Harris Yulin. Vale destacar também a atuação de Dane DeHaan, que vive o filho de Luke. Alguém que acredita estar predestinado às decisões erradas, escolhendo caminhar os mesmos passos de seu pai.

O filme conta também com uma excelente fotografia de Sean Bobbit e uma boa trilha sonora do roqueiro Mike Patton, entregando o tom certo de opressão que envolve todos os arcos narrativos.

O filme é um poderoso tour de force que enfoca o legado de pais para filhos. Derek Cianfrance é um diretor que, nesse terceiro projeto, já demonstra priorizar as boas histórias, em detrimento do marketing.

Ele pode não estar na boca do povo, mas já deixa claro ser um cineasta autoral dos mais competentes.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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