Paraíso Azul (Paradise – 1982)
Dois adolescentes escapam do ataque de mercador de escravos no meio do deserto. Únicos sobreviventes do massacre, o casal de jovens foge de camelo e se refugia num oásis onde se apaixonam.
Já começo afirmando que o filme é horroroso. O único motivo que me fez nunca esquecer sua existência atende pelo nome de Phoebe Cates. Mais um presente apimentado do “Cinema em Casa” do SBT para os pré-adolescentes, que compartilhavam a certeza de que o dever de casa seria postergado e que, durante sua exibição, a porta do quarto ficaria trancada. Em um mundo sem internet, ver a nudez feminina nas maravilhosas tardes politicamente incorretas era como tocar o céu, motivo de ansiedade e expectativa.
A conversa na sala de aula era: “Sabe qual filme vai passar hoje? Paraíso Azul!” Aquela era a mensagem cifrada que fazia com que o tempo corresse. Com a Phoebe nos aguardando em casa, não havia matemática que nos irritasse. Já ficávamos doidos com ela em “Picardias Estudantis”, mas nesta cópia fajuta de “A Lagoa Azul” ela aparecia o tempo todo, aquele rostinho inesquecível.
Não vou enganar você, afirmo que não me recordava de absolutamente nada sobre a trama antes desta revisão. Na época, após gravar em VHS, eu via apenas as cenas em que ela aparecia mais, digamos, confortável. Eu marquei na contracapa da fita os minutos, então era possivelmente o filme em que mais gastava o botão FF do aparelho. Nunca me esqueço da conversa dela com o rapaz, em que ele dizia que a nudez era um pecado, já que Adão e Eva usavam folhas grandes. E ela então afirmava: “Como pode ser pecado algo tão belo?”
Segundos depois, nós somos conduzidos a uma cena em que a jovem se banha dentro de uma caverna, apenas para, com os queixos no chão, confirmarmos emocionados o argumento dela.
* O filme é facilmente encontrado garimpando na internet.
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