Separados, mas Iguais (Separate but Equal – 1991)
A trama reconstitui o julgamento do caso Brown contra o Conselho de Educação (1954), no qual a Suprema Corte dos Estados Unidos declarou inconstitucional a separação entre estudantes negros e brancos nas escolas públicas, um dos episódios mais importantes na história dos Direitos Humanos.
O racismo no início da década de 50 era avassalador. Brancos e negros não podiam compartilhar o mesmo banheiro nas cidades sulistas americanas. Ainda faltavam alguns anos para que um jovem Elvis Presley escandalizasse os pais através da nação, com seu gingado inspirado nos cantores negros que ele idolatrava.
A situação era insuportável, com a segregação atingindo brutalmente as crianças. Cansado de tanto ver seu filho chegar cansado da escola, após uma longa caminhada, tendo seu foco nos estudos prejudicado, um pai decide ir até o professor do menino e implorar para que a escola proporcionasse um ônibus. Uma reação rude do superintendente deu início a uma série de petições judiciais, fundamentais para o fim da segregação racial nas escolas.
Aos olhos do dedicado advogado, vivido brilhantemente por Sidney Poitier, não era aceitável uma sociedade em que as mesmas crianças que brincavam juntas nas ruas, tivessem que ser separadas ao adentrarem o microcosmo escolar. Os longos e belos discursos são imbuídos de um fervor que transcende a simples atuação, podemos enxergar além do ator exercendo sua função, ficamos diante de um homem e sua verdade. E é importante salientar que o roteiro/direção de George Stevens Jr. evita simplificar a questão, abraçando os tons de cinza dos dois lados, sem apelar para equívocos narrativos cometidos usualmente até em celebradas obras modernas, como “12 Anos de Escravidão”, em que os brancos são definidos de forma maniqueísta, como cruéis seres insensíveis.
O peso das quatro horas de duração deste telefilme é aliviado com um refinado toque de humor, acertando também ao se esquivar das convencionais quebras de ritmo, sem desviar o foco para a vida pessoal dos personagens, na folhetinesca busca pelo melodrama. A atenção da obra está no hercúleo trabalho do advogado e de sua equipe, contra todas as probabilidades, mal remunerados e trabalhando no limite de suas energias, objetivando algo que era considerado utópico.
Jurado Nº 2 (Juror #2 - 2024) Pai (Nicholas Hoult) de família serve como jurado…
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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Excelente resenha do filme sobre segregação social!