O Prisioneiro da Ilha dos Tubarões (The Prisoner of Shark Island – 1936)
Samuel Mudd, vivido por Warner Baxter, fazia juras de amor à sua amada esposa em uma noite tranquila, quando um homem ferido aparece à sua porta pedindo ajuda. Ele não sabia que se tratava do famoso ator John Wilkes Booth, que havia acabado de eliminar o presidente Abraham Lincoln.
Após entregar um generoso pagamento de cinquenta dólares ao médico, que lhe havia cobrado apenas dois dólares, o assassino continua sua jornada. O roteiro nos mostra, desde o princípio, que o protagonista possui um caráter íntegro, pois deixa claro que ele iria devolver o dinheiro, que considerava ter-lhe sido entregue por descuido, no momento em que batem à sua porta pela segunda vez.
A sua esposa, vivida por Gloria Stuart, que viria a se tornar a versão adulta de Rose em “Titanic”, chega a brincar com ele: “Foi bom enquanto durou”. Na vida real, Samuel Mudd não era tão íntegro, realmente estava envolvido com Booth e o conhecia bem. Pode-se dizer que John Ford e o roteirista/produtor Nunnally Johnson, de “Vinhas da Ira”, agem como advogados de defesa de um réu culpado.
A trama continua exercendo fascínio com uma noção perfeita de ritmo, levando-nos a nos importar pelo protagonista, que é condenado à prisão perpétua na Ilha dos Tubarões por ter auxiliado o assassino. Existe a preocupação de mostrá-lo como antiescravagista, fazendo com que um de seus escravos ajude-o, de uma forma inverossímil, mas narrativamente eficiente, em sua batalha por liberdade. Evento que não ocorreu na vida real, mas que funciona de forma impecável no filme. O desfecho é brilhante e, ainda hoje, mantém o público à beira da poltrona, preso emocionalmente, interessado até o fim.
Envelheceu a estética, mas a sua essência mantém-se forte. Infelizmente não é tão reconhecido pelos fãs brasileiros do cineasta, que parecem valorizar somente os esforços dele no gênero Western.
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