Críticas

“Comando Negro”, de Raoul Walsh, com JOHN WAYNE

Comando Negro (Dark Command – 1940)

No Kansas de 1859, o respeitado mas ambicioso professor William Cantrell se torna um líder guerrilheiro. Depois que ele passa a aterrorizar a cidade de Lawrence, o xerife Bob Seton e alguns bons cidadãos o confrontam.

Reunindo o casal do importante “No Tempo das Diligências”, Claire Trevor e John Wayne, como garantia de sucesso com o público, esta produção foi a mais cara dos estúdios Republic Pictures, que despejava nas salas grande quantidade de faroestes B, feitos de forma rápida e com baixíssimo orçamento. Ao entregar a direção nas mãos do competente Raoul Walsh, o produtor Herbert J. Yates afirmava a confiança que depositava no material original, o livro homônimo de W.R. Burnett, um dos mais respeitados escritores de sua época.

No intuito de satisfazer ainda mais os fãs do gênero, ele escalou o “Rei dos Cowboys”: Roy Rogers, que lotava as sessões de seus filmes, fazendo questão de colocar ele como parceiro de armas do personagem de Wayne. Com dois heróis míticos das telas, o projeto precisava de um vilão à altura, alguém que oferecesse perigo físico e mental. Walter Pidgeon, um excelente ator veterano do cinema mudo, que faria no ano seguinte: “Como Era Verde o Meu Vale”, foi escalado no papel do professor gentil que se vê transformado em um bandido, quando perde uma eleição para delegado, vencido pelo personagem de Wayne, um texano analfabeto, o que o faz reavaliar sua conduta e seus valores. Um papel inspirado no caso real de um confederado que se tornou um guerrilheiro saqueador.

Após um primeiro ato conduzido com encantadora leveza e humor, com alguns momentos hilários protagonizados pelo dentista/cabeleireiro/cirurgião, vivido por George Hayes, o roteiro engata um crescendo de ação, com direito a cenas impressionantes, como a queda de uma carroça de um desfiladeiro, mérito do lendário dublê Yakima Canutt.

O tiroteio final, em que toda a cidade se junta no confronto, é visualmente impactante. A direção de Walsh, um dos diretores mais competentes, ainda que injustamente pouco citado hoje em dia, elemento decisivo na atemporalidade da obra, consegue manter um ritmo contagiante do início ao fim, com alívios cômicos na medida certa.

Wayne pode ter ganhado fama no ano anterior, com o já citado clássico de John Ford, mas foi com seu papel neste filme, exercitando maior segurança em cena, equilibrando imponência e humor, que o Duke garantiu seu lugar no olimpo do faroeste.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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