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“O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos”, de Peter Jackson

O Hobbit – A Batalha dos Cinco Exércitos (The Hobbit – The Battle of The Five Armies – 2014)

É engraçado perceber que o diretor Peter Jackson sofre da
mesma doença do dragão, o mal do ouro, que aflige o heroico anão Thorin nessa
conclusiva aventura. Ao reger sua trilogia “O Hobbit” pelo mesmo diapasão de
grandiosidade de “O Senhor dos Anéis”, ele conseguiu ofuscar a beleza da simplicidade
no livro original de J.R.R. Tolkien. Com ação do início ao fim, “A Batalha dos
Cinco Exércitos” tem menos problemas de ritmo, com pouco espaço para barrigas
narrativas, então pode ser considerado o melhor dessa trilogia, o que não é
dizer muito. Os personagens ainda são caricaturais, os conflitos continuam
soando épicos apenas em teoria, conduzindo a resoluções com pouco impacto
emocional. Em “O Retorno do Rei”, chorei ao assistir a simples cena
praticamente silenciosa de Sam carregando Frodo para atirar o anel na montanha,
mas nesse, checava o horário no relógio, enquanto ocorria o majestoso e
barulhento confronto final.

O escopo da batalha, com intenso uso de computação gráfica, fazia tudo parecer
um jogo de videogame, com mortes que não causavam sentimento algum, já que os
personagens, cujos nomes eu não havia memorizado, continuavam sendo uma
incógnita após quase oito horas de espetáculo. Ao posicionar a conclusão da
ameaça do dragão Smaug para o início do filme, o roteiro apenas desvaloriza o esforço
dos dois filmes anteriores, o investimento emocional do público no conflito, já
que ele é resolvido sem pompa alguma, com o foco sendo direcionado, com a
sutileza de um rinoceronte numa loja de cristais, para a transformação
psicológica no líder dos anões, um elemento que é visivelmente alongado,
causando repetições expositivas irritantes, subestimando a inteligência do
espectador. Richard Armitage (Thorin) entrega uma boa atuação, conseguindo
inserir camadas mais interessantes ao discurso raso que defende, mas o olhar de
Jackson parece mais disposto a nos entreter com o excessivo alívio cômico
representado pelo tolo e insuportável Alfrid (Ryan Gage), que poderia ter sido
excluído da trama e não faria falta alguma.

O hype nutrido pelos fãs obviamente passionais e nostálgicos tenta esconder o
fato de que, infelizmente, essa nova trilogia não funcionou, podendo ser
considerada um fracasso menos interessante que as prequels de Star Wars. Espero
apenas que, analisado no futuro, esse esforço pífio não arranhe a beleza da
trilogia original.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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Octavio Caruso

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