Os Que Sabem Morrer (Men in War – 1957)
O tenente Benson (Robert Ryan) está tentando desesperadamente resgatar seus soldados do território inimigo quando encontra Montana (Aldo Ray), que está escoltando seu coronel comandante para um lugar seguro. Eles unem forças para encontrar o caminho de volta para o quartel-general, mas encontram a montanha tomada pelos coreanos comunistas. Numa batalha sangrenta e selvagem para retomar a colina, poucas vidas serão poupadas.
Muito pouco lembrado, esse é um dos melhores filmes de guerra da história do cinema, dirigido com baixo orçamento pelo mestre Anthony Mann, com uma interpretação visceral de Robert Ryan.
É impressionante como o roteiro consegue estabelecer tensão focando apenas no isolamento do pelotão, extraindo latente terror em cenas como a do campo minado, extremamente eficiente ainda hoje, praticamente sem mostrar a ameaça dos soldados inimigos.
O diretor utilizou toda sua experiência com tramas noir, exercitando o aprofundamento dos personagens psicologicamente perturbados, neste inferno interno ambientado na Guerra da Coréia.
O roteiro de Ben Maddow, de “O Segredo das Joias”, tem a mesma pegada realista de “Capacete de Aço”, que Samuel Fuller dirigiu seis anos antes, corajosamente salientando, especialmente no belo desfecho, a desumana dispensabilidade dos peões neste tabuleiro cruel.
O que mais gosto no projeto é a forma como é trabalhada a relação entre os personagens de Robert Ryan e Aldo Ray. O primeiro é essencialmente humano e honrado, alguém regido por fortes convicções éticas, que enxerga seus companheiros de batalha como indivíduos altruístas. Ele se importa em registrar os nomes dos falecidos em seu bloco de notas, valorizando o legado daquele sacrifício.
Já o segundo, frio e prático, simboliza o soldado perfeito, alguém que acredita apenas em seus instintos, o caráter forjado para a manipulação governamental, ainda que deixe transparecer a frustração de ter sido enganado pela máquina de guerra.
A trama mantém estes dois em constante conflito, até o momento em que irão precisar unir forças no impactante final. Em uma evolução madura dos usuais roteiros no gênero, Mann foca sua câmera em dois soldados que lutam do mesmo lado, porém, com divergentes pontos de vista sobre a função da batalha.
Exatamente por não ser um filme tradicional no gênero, sem aqueles estereótipos clássicos e desgastados, ele se mantém poderoso em revisão. Inovador, antes de Godard e seu “Acossado”, Mann já brincava generosamente com o recurso dos jump cuts como elemento narrativo, refletindo a desorientação dos personagens.
Um tesouro que merece ser redescoberto pelo grande público.
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