Críticas

“Cão de Briga”, de Louis Leterrier, com JET LI, na AMAZON PRIME

Cão de Briga (Danny The Dog – 2005)

Desde que Bart tirou Danny da rua, com a idade de quatro anos, sempre o tratou como um cão, treinando-o literalmente para o ataque. Danny é hoje sua arma total, capaz de se atirar sobre qualquer um, após uma simples ordem, sem a menor chance de defesa. Isolado do mundo, Danny não tem outra escolha que não aceitar essa existência de animal, até que, por acaso, encontra Sam, um cego afinador de pianos.

O que parece, a princípio, uma trama tola servindo de desculpa para as cenas de ação, na realidade, pode incitar até análises psicológicas comportamentais profundas.

Em qual filme de artes marciais você pode complementar a sessão com um debate filosófico sobre o condicionamento operante, como estudado por B.F. Skinner?

Ok, eu não vou forçar a barra, o roteiro do Luc Besson não estimula essa reflexão de forma adulta, por mais interessante que seja o arco narrativo do protagonista, vivido por Jet Li, é um elemento tratado timidamente em cena, que chama a atenção exatamente por estar inserido em um gênero onde esse tipo de refinamento é usualmente ignorado.

O segundo ato, especialmente, é bastante irregular, arrastado, com subtramas desnecessárias e uma direção pouco segura, como se Louis Leterrier estivesse sofrendo para evitar transformar a história estabelecida no primeiro ato em uma comédia burlesca.

O que verdadeiramente importa é a eficácia das cenas de luta, um show de técnica marcial que envolve Wushu, Judô e Kung-Fu, com o mestre coreógrafo Yuen Woo-ping criando um estilo animalesco impactante, sem utilização excessiva de cabos, e que, defendido pela ótima atuação de Li, inserindo um subtexto emotivo fundamental nas cenas mais importantes, enfatiza o estado bruto de um personagem que não foi treinado formalmente e, neste processo de progressão gradativa, de um cão de guarda acéfalo a um lutador que conscientemente engendra estratégias de ataque, engrandece sobremaneira um resultado que tinha tudo para ser banal.

O ponto alto é o confronto entre Li e Michael Ian Lambert, aproveitando genialmente o confinamento do ambiente, um minúsculo banheiro.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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