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Exibição dos curtas “Übermensch”, “Teresa” e “Surpresa!” no Cine Joia

Na noite do dia 2 de Dezembro, com elenco, familiares e amigos, vivi uma das experiências mais emocionantes da minha vida. Da chegada dos convidados ao Cine Joia de Copacabana, sorridentes e empolgados, em plena Quarta-Feira e ao som de uma chuva fina, senti que o evento representava algo especial para todos, não apenas o prestígio gentil concedido a um jovem cineasta e escritor. Não se tratava de uma formalidade social. Era como se cada pessoa enxergasse naquela realização um vislumbre dos seus próprios sonhos, algo que, especialmente no Brasil de hoje, imerso em um mar de lama ética, com os valores invertidos, ganhava ares épicos.

Em uma sociedade cada vez mais dependente do vitimismo conveniente, onde os incompetentes dignitários validam que a pobreza material seja uma justificativa para a mediocridade e a corrupção do caráter, um jovem ferrado, que sofria de uma timidez patológica até os dezoito anos, contra todas as probabilidades, estava produzindo. Três curtas-metragens, três propostas totalmente diferentes (drama, suspense/terror e comédia), idealizados, filmados e completados em um ano. Todos feitos sem qualquer forma de patrocínio, sem gastar sequer Um Real. O primeiro, “Übermensch”, com uma câmera simples e emprestada (obrigado, queridaAdriana Borges), editado em um notebook antigo, processador fraco, no programa menos profissional do mercado, o Windows Movie Maker. Esse primeiro filho querido, ao lado do segundo: “Teresa”, que codirigi com Sihan Felix, foram selecionados para a mostra competitiva oficial do Festival Figueira Film Art, um dos mais respeitados e tradicionais de Portugal.

Como forma de festejar essa seleção e o término das filmagens do terceiro projeto: “Surpresa!”, pensei em dar esse presente para a equipe que acreditou em meu trabalho. Teresa Cristina, minha Teca, atriz e diretora de arte nos três projetos, uma gigantesca baixinha que atura minhas madrugadas de preparação de textos há onze anos. Mário PC Filho, ator e compositor das trilhas dos três curtas, sócio dedicado nesse sonho. Deborah Cintra, ótima atriz que conheci na época do teatro (quem leu meu livro sabe o divisor de águas que representou) e que dirigi na peça de formatura do curso. Juliana Weinem, atriz reconhecida internacionalmente, e, acima de tudo, grande caráter. Tereza Filardy, atriz surpreendente, com uma chama interna difícil de se encontrar, baita talento e pura generosidade. Eric Brandão, nosso incansável responsável pela captação de som no terceiro curta. E Bruno Barros, amigo desde a época de pré-adolescência, que estreou na direção de fotografia em “Surpresa!”. Aquela noite seria a primeira vez em que esse elenco, no que me incluo, iria se ver na tela grande, imersos na mágica da sala escura. Eu tentei fazer de tudo para que fosse uma noite inesquecível pra todos nós.

Com o elenco reunido ao meu lado, dei as boas-vindas ao
público. Comecei dizendo:

“Um amigo me disse uma vez que fazer cinema no Brasil sem
ajuda do governo, sem patrocínio, é um milagre… Então estamos aqui hoje
celebrando esse milagre”.

(Da esquerda pra direita: Eric Brandão, Bruno Barros, Teresa Cristina, Tereza Filardy, Deborah Cintra, Juliana Weinem e Mário PC Filho)

O sonho do “fazer cinema” vira realidade quando você consegue reunir um grupo que verdadeiramente ama e se dedica à Sétima Arte. Um grupo que valorize a água benta do suor do rosto, que entenda a criação artística como algo mais profundo do que essa estúpida e vazia indústria da fama que parece dominar o mercado hoje. Eu me recuso a ver essa área como uma vertente da Fórmula 1, a criatividade pode sublimar as limitações financeiras. A noção de “cinema independente”, na maior parte das vezes, abraça cineastas de berço de ouro, com pais milionários. O dinheiro não vem do governo, mas é abundante. Mas você, amigo leitor, querida leitora, precisa entender que cinema não é uma maçonaria. Você, amante dedicado dessa arte, já tem os recursos mais importantes à mão. Não se intimide, estude de forma autodidata, vá com o pé na porta, produza.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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