King Kong (1976)
Uma expedição em busca de petróleo se depara com um gorila gigante em uma ilha pré-histórica do Pacífico e decide capturá-lo para ganhar dinheiro exibindo-o em Nova York.
Este é difícil de defender, nem vou tentar. Quando eu era criança e assistia ao filme na televisão, nem mesmo a figura do gorila gigante me iludia a ponto de achar que a história era boa, mas tenho um carinho especial por ele ter sido o responsável pelo meu contato com o excelente original de 1933, além de ter me apresentado Jessica Lange, que povoou a imaginação de nove entre dez adolescentes da minha geração.
Por mais competente que seja Rick Baker na roupa do monstro incompreendido, a composição já nasceu datada, os efeitos visuais no terceiro ato são especialmente desastrosos, com destaque para a infame substituição do Empire State Building pelas torres gêmeas do World Trade Center, uma grande bobagem.
A ideia de contextualizar o protagonista, retrabalhando ele como um recurso natural que é explorado pela ganância humana, representada pela subtrama protagonizada pelos personagens de Jeff Bridges e Charles Grodin, como metáfora nada sutil para a dependência norte-americana com o petróleo, funciona bem em teoria, mas a execução banaliza o discurso, com o roteiro falhando em equilibrar este tema com a subtrama que envolve a bela jovem, uma crítica ao vazio da busca pela fama, o tolo culto à celebridade.
O fascínio do homem pelo desconhecido, pela criatura selvagem, acaba se perdendo nesta longa exibição do ego do produtor Dino De Laurentiis, comandada sem pulso firme pelo diretor John Guillermin.
A forma como é desenvolvida a relação entre Kong e Dwan chega a ser constrangedora, com diálogos absurdos e situações bizarras, mas gosto de como, ao final, o roteiro evidencia que o monstro foi explorado também pela atriz, que, à sombra de seu corpo sem vida, com todos os repórteres buscando a melhor foto, conquista finalmente sua inglória fama.
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