As 7 Faces do Dr. Lao (7 Faces of Dr. Lao – 1964)
Um misterioso circo chega numa pacata cidade do oeste americano pra apresentar atrações exóticas, que irão despertar curiosidade e constrangimento nos habitantes e problemas para um rico fazendeiro local. Entre as criaturas do circo do dr. Lao estão – Merlin o mágico, Apolônio, Deus Pã, a serpente gigante, o abominável homem das neves e a mitológica Medusa.
“O mundo inteiro é um circo se você souber olhar para ele. O modo como o sol se põe quando você está cansado e nasce quando você se levanta, isso é magia de verdade. O modo como uma folha cresce. O canto dos pássaros. O modo como o deserto fica à noite, quando a luz da lua o envolve. Oh, meu garoto isto é circo bastante para qualquer um.
Toda vez que você vê um arco-íris e sente seu coração se maravilhar com isso. Toda vez que você apanha um punhado de areia e não vê a areia, mas um mistério, uma maravilha, lá na sua mão. Toda vez que você para e pensa: “Eu estou vivo e estar vivo é fantástico”. Toda vez que isso acontece você faz parte do Circo do Dr. Lao.”
O trecho acima, um diálogo entre o enigmático Dr. Lao, vivido por Tony Randall, e uma criança, resume muito bem a beleza desta pequena joia do cinema familiar dos anos 60, dirigida por George Pal, que passava com muita frequência na “Sessão da Tarde” do final dos anos 80 e início dos anos 90.
Alguns elementos ficaram datados, como os efeitos visuais, outros não funcionavam muito bem nem mesmo em sua época, o desenvolvimento dos personagens é raso, mas a mensagem é de uma profundidade filosófica pouco usual em projetos pensados para o público infantil, o texto é quase sempre encantador e com várias camadas de interpretação.
Quando o circo chega à cidade, encontra uma sociedade de valores morais deturpados, com exceção de um repórter obstinado e uma bibliotecária viúva.
O Dr. Lao então encontra uma forma prática de fazer com que essas pessoas reflitam sobre seus erros e entendam a necessidade da mudança de conduta, não somente pelo bem delas, mas também pela harmonia da comunidade.
Gosto bastante da cena sombria em que Apolônio, o vidente, confronta uma senhora com um futuro triste e solitário, um choque de realidade que revolta a cliente.
A crítica é clara e corajosa, o ser humano não está disposto a enfrentar a verdade, quando paga o vidente, ele compra o sonho, ele quer ser iludido, ele precisa ser levado a crer em possibilidades fantásticas, um paraíso florido, a reciprocidade de um novo amor, em suma, respostas fáceis para perguntas difíceis.
O tom do filme se assemelha muito ao do tcheco “Um Dia, Um Gato”, realizado no ano anterior.
Outro momento que faço questão de salientar é a dança da sedução de Pã, o deus dos bosques, para a bela bibliotecária, vivida por Barbara Eden. É impressionante que esse momento esteja inserido em um projeto infantil, o que causa uma estranheza perturbadora que agrega à experiência.
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Poesia pura!
A vida é poesia pura, basta saber olhar e ter a sensibilidade na alma.
Poucas coisas me fazem ter saudades da infância. Agora acabei de sentir. Me veio a memória eu sentada no sofá da sala de minha casa sempre naquele sofá, aguardando minha mãe autorizar " hoje você pode assistir TV" aguardava ansiosa pelo filme que viria. Hoje vejo como era bom esperar por esse momento!