Shunpu Den – 1965
Uma mulher da vida é humilhada por um oficial. Ela resolve se vingar, usando um soldado para provocar ciúmes no oficial.
Pode causar estranheza por ser um filme menos estilizado, a refilmagem de um projeto roteirizado por Akira Kurosawa no início da década de 50, um melodrama antiguerra mais convencional, mas não menos brilhante, que foca sua atenção em uma protagonista cujas ações simbolizam a rejeição dos valores sociais, expondo a hipocrisia por trás dos rituais tradicionais, uma temática que se aproxima muito dos trabalhos de Mizoguchi.
É interessante perceber que a harmonia do casal, a mulher da vida e o soldado, encontra resistência na incapacidade dele de ir contra o absurdo código de conduta militar, alicerçado em um sentido muito equivocado de honra. A bela fotografia em preto e branco impressiona em sequências que carregam o traço autoral de Suzuki, como quando a mulher corre pelo campo de batalha para se encontrar com o amante ferido, ou no interlúdio onírico em que ela enxerga o soldado a caminho de sua salvação, em câmera lenta.
O filme é a adaptação de um livro de Taijiro Tamura, mesmo autor de “Portal da Carne”, e o roteiro trabalha muito bem a filosofia dele de que o corpo é tudo o que há, o que conduz a protagonista à compreensão de que somente através do prazer consequente do contato físico, através das sensações despertadas pelo ato do amor, ela pode realmente conhecer um indivíduo.
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