Críticas

“Elvira, A Rainha das Trevas”, de James Signorelli

Elvira, A Rainha das Trevas (Elvira, Mistress of The Dark – 1988)

Elvira (Cassandra Peterson) é a anfitriã de um programa de baixo orçamento sobre filmes de terror, mas tudo pode mudar quando ela herda da tia uma velha mansão em Fallwell, Massachusetts, uma pequena cidade com apenas 1313 habitantes. Ela sonha em vender a casa e ir para Las Vegas, mas encontra dois sérios problemas: o primeiro são os adultos da cidade, que ficam espantados com o modo como ela se veste e se comporta. 

A musa inesquecível de toda uma geração de adolescentes, o decote generoso que fazia a gente esquecer as preocupações com as provas, a “Sessão da Tarde” que era mais aguardada pelos rapazes, “Elvira” foi uma das opções mais exóticas que os programadores pensaram para o horário. Criada pela bela Cassandra Peterson na década de 80 como anfitriã em exibições de filmes de terror na televisão, exatamente como o nosso Zé do Caixão fez no “Cine Trash”, a personagem ganhou vida própria e segue ainda hoje realizando shows, com a atriz participando de convenções de fãs e esbanjando simpatia.

Como o nome da personagem pode insinuar, ela deve sua carreira ao conselho que recebeu de Elvis Presley, com quem teve um breve caso na década de 70, sugerindo que a jovem dançarina largasse a rotina dos palcos de Las Vegas e tentasse ser respeitada como atriz em outra cidade. Cassandra viajou para a Europa, chegou a fazer uma ponta em “Roma”, de Fellini, mas foi com sua rainha das trevas que conquistou a atenção da imprensa.

Em uma entrevista no Tonight Show, ela disse que gostaria de protagonizar um filme que fosse uma mistura de “Pink Flamingos” e “The Rocky Horror Picture Show”. A obra comandada por James Signorelli, reconhecido por seu trabalho no programa Saturday Night Live, com roteiro da própria atriz, pode até ser fiel ao tom do musical de Richard O’Brien, mas está longe de ser audacioso como o controverso projeto de John Waters, o que não é um demérito.

A personalidade encantadora da protagonista, que transmite sensualidade e segurança, com a leveza de uma adolescente, compensa qualquer tropeço de ritmo. Uma pessoa capaz de soltar frases como: “Eu preciso tanto desse emprego quanto um leproso precisa de um espelho de três vias”, com o charme de quem está recitando Neruda.

É um filme delicioso que ganha pontos em revisão, perfeito para uma noite de Halloween.

* O filme está sendo lançado em DVD pela distribuidora “Classicline”, com a opção da dublagem clássica dos estúdios Maga.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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