Críticas

“Simbad e a Princesa”, de Nathan Juran

Simbad e a Princesa (The 7th Voyage of Sinbad – 1958)

Quando o lendário Simbad (Kerwin Mathews), sai numa perigosa jornada para a misteriosa Ilha de Colossus, ele se envolve em uma incrível e movimentada aventura. Ele precisa quebrar o encanto que o diabólico feiticeiro Sokurah (Torin Thatcher) jogou em sua amada princesa Parisa (Kathryn Grant). Mas, antes que possa salva-la, Simbad, vai enfrentar uma incrível coleção de monstros místicos, o ciclope devorador de homens, um exército de esqueletos, um feroz pássaro de duas cabeças e um dragão que expele fogo.

Ray Harryhausen dedicou vários anos à construção de monstros genéricos para suprir a demanda de destruição alienígena que lotava as salas.

Ele não podia exercitar muito a criatividade, então decidiu se aventurar no universo da mitologia em “Simbad e a Princesa”, protagonizado pelo herói que, para o mestre dos efeitos stop motion, simbolizava o ápice do entretenimento fantasioso.

Ele sabia que uma série centrada no personagem daria asas à sua imaginação. A Dynamation foi criada para o projeto, um processo que facilitava a mistura fluida de elementos live action e stop motion nas cenas coloridas, outro desafio que, com certeza, estimulava o artista.

Nathan Juran não era um comandante especialmente engenhoso, mas era extremamente competente como diretor de arte (com destaque para “Winchester ‘73” e seu trabalho premiado em “Como Era Verde o Meu Vale”), além de conseguir manter um clima agradável nas filmagens, algo que transparece no produto final.

Kerwin Mathews, que vive Simbad, é um ator muito limitado, mas não prejudica o todo, ainda mais quando temos algo melhor para focar a atenção nas cenas, como a belíssima Kathryn Grant, a adorável princesa que, mesmo miniaturizada por encanto do mágico, transborda carisma e sensualidade.

Claro, o Ciclope, o Pássaro Gigante de Duas Cabeças, o Dragão e o Esqueleto são magníficos, vale pausar as cenas para conferir em detalhes a animação, mas a imagem que nunca esqueci foi a da princesinha, que parecia estar se divertindo horrores em sua nova condição física.

O senso de perigo é razoavelmente bem trabalhado no roteiro, mas é uma aventura leve, perfeita para a criança interna que, com sorte, vive em você, que agora dedica alguns minutos nesta leitura.

A arte de Harryhausen evoluiria nos próximos projetos, alcançando o apogeu com “As Novas Viagens de Simbad”, de 1974, mas “Simbad e a Princesa” é uma obra fundamental, a trilha sonora de Bernard Herrmann é brilhante, sempre citada entre os melhores trabalhos do compositor, capturando com perfeição o senso de empolgante heroísmo.

É um filme que merece constar na coleção de todo cinéfilo dedicado.

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Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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