Acaba de ser lançado o filme “Polícia Federal – A Lei é
Para Todos”, percebo a clara intenção de boicote de parte do público,
atitude que sempre repudio. Uma breve reflexão: a beleza do cinema é também a
capacidade de abordar o mesmo evento por perspectivas diferentes. Você pode ver
um clássico alemão de propaganda nazista e a resposta norte-americana incitando
os jovens à guerra, “Suss the Jew” (1940) é antissemita até o talo,
enquanto “Confissões de um Espião Nazista” (1939) desfere um soco de
direita no queixo de Hitler.
Por este motivo não consigo acreditar quando leio um texto
crítico profissional tentando deslegitimar o filme nacional utilizando como
base o argumento de que retrata a versão de apenas um lado da
história. Não há argumento mais tolo, um desserviço à função da crítica
como ferramenta filosófica que prima pela pluralidade de pontos de vista.
Ficando no mesmo tema, “Lula, o Filho do Brasil” era imparcial? Que
os dois filmes sejam vistos, nunca boicotados (ainda que de forma sutil), que a
pluralidade de abordagens agregue à experiência de cada espectador.
Pretendo escrever em breve sobre a obra, mas já adianto que
gostei do ritmo e, com algumas ressalvas, considero um importante passo no
gênero de thriller político, vertente poucas vezes trabalhada no cinema nacional.
Qualquer tentativa da nossa indústria de se aventurar fora da zona de conforto
narrativa deve ser incentivada.
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