O Mistério de Candyman (Candyman – 1992)
Helen Lyle (Virginia Madsen) é uma estudante cuja pesquisa sobre folclore moderno evoca espíritos dos mortos. Ela nunca acreditou em superstições, mas quando conhece a história de Candyman (Tony Todd), um espírito escravo que tem uma mão em forma de gancho e que assombra uma famosa casa, ela fica entusiasmada para escrever sua tese.
Quando aluguei esta fita VHS na época de seu lançamento, achei que se tratava de mais um terror engraçadinho, não sabia de sua conexão com Clive Barker, mestre por trás de “Hellraiser” e do subestimado “Raça das Trevas”.
É a adaptação do conto “O Proibido”, da obra “Livros de Sangue – 5”, um interessante trabalho sobre o tema das lendas urbanas, mas inferior ao roteiro cinematográfico. Só fui rever o filme recentemente, mas nunca esqueci o impacto daquela noite. A sua trama se manteve gravada em minha mente, as abelhas na boca, os reais cenários decrépitos do conjunto habitacional Cabrini-Green, a imponente figura de Tony Todd e o sangrento gancho enferrujado no lugar de sua mão.
O tom de ameaça constante alcançado pelo diretor Bernard Rose engrandece as convenções típicas de um slasher, ajudado por uma trilha sonora incrivelmente imersiva de Philip Glass e pela entrega competente da bela Virginia Madsen, que vive uma antropóloga que está escrevendo uma tese sobre lendas urbanas, seduzida pela história de Candyman, o assassino da periferia de Chicago, que aparece nas costas de qualquer pessoa que repita seu nome cinco vezes encarando o espelho.
A crítica social apurada é mérito do filme, o personagem no livro é loiro e atua na Inglaterra, o conceito de utilizar o medo de se estar inserido em uma sociedade racista e as cicatrizes psicológicas da escravidão como pano de fundo agrega camadas de interpretação muito mais instigantes, transformando o que seria um monstro convencional em um anti-herói enigmático de origem trágica.
Analisado no contexto pobre do gênero na década de noventa, “O Mistério de Candyman” se destaca como pérola do terror adulto de raro valor que merece ser redescoberta pela nova geração.
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