1 – O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (The Lord of The Rings: The Fellowship of The Ring), de Peter Jackson
Peter Jackson acertou, por exemplo, ao excluir Tom Bombadil da trama, priorizando a essência dos escritos de J.R.R. Tolkien e seu potencial imagético, em detrimento de uma fidelidade ipsis litteris. A sua adaptação para o personagem Aragorn (Viggo Mortensen) é um exemplo de sua sagacidade. Nos livros, Passolargo é um marginal, fazendo o seu caminho fora das fronteiras de uma civilização em declínio. Quando ele se revela, mostra-se um mito dentre seres comuns e ordinários, simbolizados pelos Hobbits. O feito alcançado pelo diretor não é pouco…
2 – O Pianista (The Pianist), de Roman Polanski
É impressionante a forma como o roteiro mantém a sensação de medo constante, abordando o tema por um viés diferente, mais visceral, com um protagonista sem ímpetos de heroísmo, alguém que tenta apenas sobreviver, apesar de estar consciente de que é fraco e despreparado. A cena em que ele imagina o som das teclas do piano que não pode tocar é inesquecível…
3 – Cidade de Deus, de Fernando Meirelles
Fernando Meirelles conseguiu capturar a revolta brasileira com as taxas crescentes de violência urbana e o sentimento absurdo de impotência diante de um sistema que parece proteger os criminosos, a impunidade em todos os níveis, canalizando essa raiva coletiva para a estética de seu filme. É rápido, é brutal, é real…
4 – A Professora de Piano (La Pianiste), de Michael Haneke
Isabelle Huppert está incrível, Haneke, que chocou o mundo com Violência Gratuita, consegue elevar o nível da discussão sobre a violência, a loucura, os desejos, instintos primitivos, os malefícios psicológicos da repressão, com um domínio absoluto, conduzindo a trama com apurado senso de suspense que envolve o espectador e o mantém questionando horas após a sessão…
5 – Minority Report – A Nova Lei (Minority Report), de Steven Spielberg
Spielberg consegue mais uma vez operar sua mágica no gênero sci-fi, adaptando o conto de Philip K. Dick. Assim como Blade Runner, do mesmo autor, o conceito da obra está à frente de seu tempo, provavelmente será cultuada no futuro por sua estética e pela força do texto…
6 – Réquiem Para Um Sonho (Requiem for a Dream), de Darren Aronofsky
Impossível sair da sessão indiferente, Aronofsky desfere um soco no estômago do espectador de dez em dez minutos. A constatação de que o horror é intensamente real perturba e instiga preciosa reflexão sobre a nossa sociedade doente ao final. Ellen Burstyn é uma força da natureza…
7 – O Filho da Noiva (El Hijo de la Novia), de Juan José Campanella
Comédia romântica argentina impecável que lida com um tema complicado, o Alzheimer, com leveza e profunda humanidade, sem os clichês usuais do gênero em Hollywood…
8 – Falcão Negro em Perigo (Black Hawk Down), de Ridley Scott
Existem muitos filmes de guerra memoráveis, mas poucos são aqueles que verdadeiramente conseguem fazer com que o espectador sensorialmente viva por um par de horas o horror do conflito. O foco não está na trama, nem no desenvolvimento dos personagens, não é a proposta de Ridley Scott…
9 – O Quarto do Filho (La Stanza del Figlio), de Nanni Moretti
O roteiro inteligentemente evita a manipulação emocional convencional, apesar da trama soar como um melodrama sobre os estágios do luto, a entrega sensível e naturalista do elenco agrega ao texto sensível que trabalha de forma realista a questão da perda, a carência, a melancolia e, claro, a beleza das lembranças boas…
10 – O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin D’Amélie Poulain), de Jean-Pierre Jeunet
A beleza de desejar melhorar a vida de estranhos, sem receber crédito algum por isso, o amor sem vaidade que motiva a jovem garçonete Amélie poderia contaminar todos aqueles que tivessem contato com a obra. Ao perceber como um simples gesto de gentileza modifica o dia de uma pessoa, ela passa a encarar a experiência da vida de forma totalmente diferente. Nem mesmo uma infância imersa em tristeza e frustração pode impedir um espírito livre de alcançar a redenção. Tudo se resume ao ato de querer ser melhor…
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