Crimes no Paraíso (Stone Cold – 2005)
Tom Selleck ganhou fama mundial na excelente série “Magnum”, no início da década de oitenta, por pouco não interpretou o Indiana Jones, depois foi subutilizado em filmes de ação fracos e, apesar de esbanjar simpatia na comédia “Três Solteirões e Um Bebê”, não teve chance de se desafiar como ator no cinema.
É com a série de telefilmes baseados nos livros de Robert B. Parker que ele entrega seu melhor trabalho, vivendo Jesse Stone, detetive que perdeu seu emprego e sua respeitabilidade por causa do álcool, tendo sido redirecionado como chefe de polícia para a pequena e tranquila cidade interiorana Paraíso, em que, como ele mesmo afirma, a tarefa basicamente se resume a dar multas.
A direção de Robert Harmon eficientemente constrói o clima bucólico que reflete os conflitos internos do protagonista, realçado pela paleta de cores azulada, sóbria. Não há ação, sequências frenéticas, as convenções do gênero não são respeitadas, não há sequer mistério, já que o espectador é levado a saber desde os primeiros minutos a identidade do casal de criminosos.
O interesse do roteiro está no desenvolvimento dos personagens. A forma silenciosa, resignada, com que Stone decide enfrentar seus demônios, a capacidade de agir corretamente, ainda que desrespeite as limitações de sua função, como quando avaliza a reação agressiva do pai ofendido pelo jovem culpado. Cenas que revelam aos poucos o caráter e a fragilidade do homem por trás da figura de autoridade.
A sua preocupação com o psicológico da adolescente humilhada, o carinho que sente pela sua colega (Viola Davis), a maneira como desperta a admiração até da advogada de defesa (Mimi Rogers) do criminoso, ou a sua reação à triste constatação de que sua ex-esposa busca retomar contato apenas por interesse profissional, elementos que humanizam o herói.
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