A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street – 1984)
Um grupo de adolescentes é assombrado pelo mesmo monstro. Nancy (Heather Langenkamp), Tina (Amanda Wyss), Rod (Nick Corri) e Glen (Johnny Depp) descobrem que dividem o mesmo pesadelo todas as noites, perseguidos por uma figura sombria (Robert Englund).
O criador do assustador conceito foi o diretor Wes Craven, que buscou inspiração em casos de homens saudáveis no Camboja que faleceram durante o sono após reclamarem de pesadelos horríveis. Algo que causou uma histeria coletiva na década de 70, com pessoas que evitavam dormir temendo encontrar o mesmo fim.
As filmagens duraram cerca de trinta dias, com um elenco formado por jovens desconhecidos, incluindo Johnny Depp, em seu primeiro trabalho.
A origem de Freddy Krueger e sua doentia personalidade foram sendo construídas ao longo da franquia, especialmente nos capítulos roteirizados por Craven (o primeiro, o terceiro e o sétimo). O conceito de um vilão que utiliza os sonhos para atacar suas vítimas, além de criativamente libertário, também é imageticamente estimulante.
O maior mérito, como ficou provado na fraca refilmagem, é do ator Robert Englund, que por trás de toda a maquiagem pesada, consegue em sua maneira de andar ou na sutileza de um simples inclinar de cabeça, transmitir a essência do personagem (ele se inspirou no “Nosferatu” de Klaus Kinski).
Krueger é um molestador, eliminador de crianças que vive na Rua Elm. Após uma década de crimes e uma pequena estadia na prisão, volta para as ruas e é vítima do ódio dos pais das crianças, que o seguem até seu esconderijo e ateiam fogo no local. Agora, deformado e muito mais poderoso, invade os sonhos da nova geração, na tentativa de vingar-se no sono dos filhos de seus algozes.
Uma ideia genial no roteiro foi mesclar sonho e realidade, embaralhando a mente do espectador, que nunca sabia realmente em qual momento o personagem poderia aparecer.
Enquanto que no original e em sua continuação, Krueger era sádico, sendo mostrado apenas em rápidos relances, quase sempre envolto em sombras, a partir do terceiro projeto (até o sexto) tornou-se um astro pop, com direito a frases de efeito e piadinhas infames. A ideia original era que o desfecho do filme mostrasse que tudo não havia passado de um sonho, mas a ambição do estúdio em estabelecer uma franquia falou mais alto.
A escolha para a cena final é macabra e surreal, condizente com a proposta onírica da obra. Um elemento que precisa ser salientado é a excelente trilha sonora de Charles Bernstein, que foi construída utilizando como base a cantiga infantil que emoldura a cena inicial (ideia de Craven), com as crianças pulando corda.
O horror nasce do subconsciente, da manifestação inesperada de um bicho papão que chama suas vítimas pelo nome (insinuando intimidade), mas acima de tudo, nasce daquilo que não conseguimos enxergar, da lâmina que brilha à distância em um estreito corredor.
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