Pistoleiro Bossa Nova (1959)
Nesta produção da Herbert Richers, dirigida por Victor Lima, que brinca com o gênero faroeste e aproveita a onda da Bossa Nova que estava despertando, um vilarejo chamado ironicamente de “Desespero” é atormentado por bandidos.
Neste clima hostil, chegam à cidade dois camelôs, vividos por Ankito e Grande Otelo. Um deles, sósia de um temido pistoleiro, assume o papel do justiceiro, apesar de ser medroso contumaz e avesso à sons altos. Eles fazem amizade com um grupo teatral mambembe liderado pela encantadora vedete vivida por Renata Fronzi, que logo desperta ciúmes na hilária cangaceira Pequenina (Anabela), namorada do verdadeiro pistoleiro, que ilumina a tela com sua presença. Tente não rir com o método dela para espantar pessoas desconhecidas de seu quarto. A sequência é um dos pontos altos da chanchada nacional.
Ankito tinha algo de Stan Laurel, pureza e ternura no olhar, misturados à capacidade acrobática circense que remetia ao Buster Keaton, característica que seria perdida no projeto seguinte, quando o ator se machucou seriamente ao cair de um prédio em construção, tragédia que prejudicou sua carreira. Não é meu cômico brasileiro favorito, mas ele alcança equilíbrio perfeito em parceria com Grande Otelo, que vive o tipo malandro de fala rápida, contraste que humaniza a dupla.
O roteiro garante bons momentos, especialmente no primeiro ato. Gosto bastante do início no trem, ao som de Carlos Lyra cantando a sua linda composição “Maria Ninguém”, que seria lançada por João Gilberto no mesmo ano em seu clássico disco de estreia: “Chega de Saudade”.
“Pistoleiro Bossa Nova” é comédia de alta qualidade, infelizmente esquecida por seu próprio povo.
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