Arquivo X – O Filme (The X-Files – 1998)
Em uma pequena cidade do Texas, uma misteriosa substância negra que emana dos restos de um ser humano pré-histórico envolve um menino e os bombeiros que estão tentando salvá-lo. Mais tarde, agentes do FBI Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson) estão em Dallas para desarmar uma bomba. Infelizmente a bomba explode – deixando quatro falecidos no interior. Mulder e Scully, em seguida, recebem uma dica de que o desastre foi um ato do governo para encobrir um vírus alienígena.
Quem viveu a época do auge da criação de Chris Carter sente um arrepio ao escutar o clássico tema minimalista composto por Mark Snow, “Arquivo X” foi um fenômeno televisivo que pais e filhos admiravam na mesma intensidade, vale destacar, exibida nas noites de sexta-feira pela Rede Record, talvez o único acerto da emissora após ser comprada pela corja de estelionatários neopentecostais. Eu acompanhava com brilho nos olhos, não deixava de adquirir mensalmente a saudosa revista “Sci-Fi News”, praticamente dedicada exclusivamente às aventuras de Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson).
O projeto cinematográfico que servia primordialmente como uma ponte elegante entre as temporadas cinco e seis, mas que visava atrair também aqueles que sequer acompanhavam a série, continua surpreendentemente eficiente hoje, o filme envelheceu muito melhor que os episódios mais celebrados pelos fãs. O roteiro, escrito em apenas dez dias, bebendo diretamente na fonte dos filmes “Uma Sepultura para a Eternidade” e “Quatermass 2”, do estúdio Hammer, entrega dose generosa de suspense ao captar a essência conspiratória sci-fi em uma trama aparentemente simples envolvendo alienígenas e o governo norte-americano.
Aproveitando o orçamento maior, o primeiro ato já marca território com os dois pés na porta ao mostrar o atentado terrorista em um prédio federal, evento planejado pelo próprio governo, na tentativa de queimar arquivo, abafando um caso de vírus alienígena que volta à superfície após milhares de anos. Apenas Kurtzweil (Martin Landau, sempre competente), médico que sabe tudo sobre o esquema, tenta alertar a dupla de agentes, mas é vítima de uma campanha que visa desacreditar seu nome perante a opinião pública.
Vale salientar que Carter evitou a tentação de entregar respostas demais, ou avançar narrativamente com sequências genéricas de ação, algo que poderia ter agradado o grande público. Ele preferiu ser fiel ao espírito da série, adicionando camadas de enigma a cada passo da investigação, reforçadas pela atmosfera perfeita de inquietação. Há perigo em cada decisão tomada pelos personagens, o maior mal pode estar escondido no lugar aparentemente mais tranquilo.
O filme inteligentemente compreende que o aspecto mais interessante de saber que “a verdade está lá fora” reside na busca, na jornada, nas perguntas formuladas no caminho.
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