Crimes no Paraíso 2 (Jesse Stone: Death in Paradise – 2006)
O projeto anterior, “Night Passage”, que ainda receberá texto, havia sido um prequel adaptando o livro de estreia do personagem, escrito por Robert B. Parker, então escolho esta excelente terceira aventura, co-roteirizada pelo próprio Tom Selleck, como a melhor maneira de reencontrar o angustiado policial, logo após os acontecimentos retratados em “Stone Cold“.
Adaptando-se ao seu papel como o novo chefe de polícia da cidade de Paradise, Massachusetts, Stone (Selleck) investiga o brutal assassinato de uma adolescente problemática encontrada morta boiando em um lago da cidade. Ele logo descobre que a garota era uma estudante exemplar e que, de alguma maneira, acabou no caminho da autodestruição, o que eventualmente levou à morte prematura.
Na subtrama mais interessante, uma dona de casa espancada regularmente pelo marido bêbado busca ajuda policial. O fato de Stone estar lutando contra o alcoolismo agrega camadas em sua compreensão do caso, potencializando o conflito com seus demônios internos.
A oficial Molly (Viola Davis) questiona o óbvio, a razão que a impede de se separar do agressor. A resposta é repulsiva: “Sou católica, não posso me divorciar”. Ela se submeteu à humilhação dentro de seu lar, ganhou peso, perdeu sua autoestima e, o pior, acredita que é culpada por seu fardo. A crítica aos dogmas estúpidos da religião organizada é algo que dificilmente o gênero defende, quase sempre escravo das rasas motivações por vingança.
Outra demonstração de coragem pode ser encontrada na trama principal dos pais da adolescente morta, uma crítica contundente à necessidade tola de se adequar aos moldes da sociedade. O pai, incomodado com as atitudes da menina, preocupado com o que os outros diriam dele, decidiu expulsar ela de casa.
A direção de arte evidencia na sala do casal a artificialidade, pinturas genéricas e objetos que não combinam com nada, mas que são muito valiosos, além de um senso de limpeza/organização exagerado, típico de quem se preocupa mais em arrumar sua casa para impressionar outrem, ao invés de buscar o conforto no dia a dia. Ao ser questionado por Stone, o pai afirma sem titubear: “Eu mantenho altos padrões nesta casa”. Os verdadeiros vilões da história, adultos irresponsáveis e sem qualquer vocação para paternidade e maternidade.
Excelente telefilme que somente melhora em revisões, o roteiro de “Crimes no Paraíso 2” é melhor que o de muitos projetos de alto orçamento que são despejados nas salas de cinema todas as semanas.
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