A Amante (Inhebek Hedi – 2016)
Hedi (Majd Mastoura) é um rapaz de 25 anos cuja vida está sendo traçada pela mãe super protetora. Apático e acomodado, ele trabalha em uma concessionária de carros e está prestes a se casar com uma moça escolhida pela família. Mas, ao ser escalado para uma viagem de trabalho, ele se apaixona pela funcionária de um resort, Rym (Rym Ben Messaoud), uma jovem de espírito livre, e isto irá estremecer o planejado futuro que o espera.
Amor é liberdade, casamento em todas as culturas é business. Já nos primeiros dez minutos acompanhamos as etapas deste processo desumanizante, análises frias sobre a representatividade financeira dos envolvidos. E, no meio deste vendaval que expurga as emoções, temos a figura desamparada do protagonista, Hedi, sempre captado de perto pela câmera colada em seu rosto, uma máscara de tristeza e indisfarçável desconforto. Durante uma viagem de trabalho ele conhece uma mulher existencialmente livre dos grilhões da tradição, alguém que passa a simbolizar para o rapaz um vislumbre precioso de um futuro alimentado por sentimentos genuínos, e, acima de tudo, calorosos.
O roteirista/diretor Mohamed Ben Attia estabelece claramente no texto uma analogia com a situação sociopolítica da Tunísia pós-revolução, mas o ritmo excessivamente lento do primeiro ato prejudica a necessária imersão do público em geral. Com exceção de uma linda sequência envolvendo o extravasamento através da dança, o tom é mantido morno. Até mesmo na interação do rapaz com sua mãe (Sabah Bouzouita), diálogos plenos em chantagem emocional, falta fôlego.
A trama clama para que torçamos pelo romance proibido, mas falha ao se se apoiar demais na cartilha estética, relegando o material humano na maior parte do tempo à papel coadjuvante, reduzindo tudo ao maniqueísta encontro entre extremos da apatia (representada de forma óbvia na imagem que abre o filme, a gravata sendo apertada no pescoço) e exuberância, mostrando mais insegurança que o próprio personagem, algo perdoável, já que se trata de um filme de estreia.
Vale como janela para o cinema pouco divulgado da Tunísia e pela maneira sensível com que aborda a jornada amarga de autodescoberta do protagonista, traçando um paralelo com o despertar da Primavera Árabe. Infelizmente, a execução dificulta o encantamento fora da fronteira de seu país, mas é um trabalho de qualidade técnica inegável.
Cotação:
Jurado Nº 2 (Juror #2 - 2024) Pai (Nicholas Hoult) de família serve como jurado…
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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