Críticas

“Shogun Ninja”, de Norifumi Suzuki, com SONNY CHIBA

Shogun Ninja (Ninja bugeicho momochi sandayu – 1980)

No meio do século 16, Hideyoshi, um senhor da guerra com fome de poder, prepara-se para destruir o clã Momochi. Ele envia seu comandante de guerra em busca de ouro escondido do clã apenas para descobrir que duas adagas são a chave para o esconderijo do ouro precioso. 

As listas de filmes com ninjas normalmente incluem bobagens divertidas, como “American Ninja”, “The Octagon” e “As Tartarugas Ninjas”, ou tremendas forçadas de barra, como “Com 007 Só Se Vive Duas Vezes”, sintomático do raso conhecimento do profissional sobre o tema no cinema oriental. Como apaixonado pelas artes marciais e praticante de karatê e ninjutsu desde pequeno, conheci muitas produções durante meus primeiros anos de garimpo na época do VHS e, anos depois, com o surgimento da internet, pude entrar em contato com os títulos mais obscuros.

Para os completistas, a série iniciada por “Shinobi no mono” (1962), apesar de ter importância fundamental na popularização do subgênero, especialmente no mercado estrangeiro, nunca me cativou, não envelheceu tão bem, mas recomendo que seja vista em algum ponto da jornada.

Eu destaco para os interessados os seguintes filmes: “The Third Ninja” (1964), “Challenge of the Lady Ninja” (1982) e “Five Element Ninjas” (1982), excelentes pontos de partida. Se você procura maior refinamento estético, uma obra que transcende a proposta básica, a melhor já filmada envolvendo ninjas é “Duel to The Death” (1983), dirigida por Siu-Tung Ching, mas a mais divertida para ver em grupo e ficar lembrando depois das cenas é “Shogun Ninja”, produção japonesa dirigida por Norifumi Suzuki, com as sequências de ação coreografadas pelo mestre Sonny Chiba, que, desta vez, faz o papel do vilão, garantindo o alto nível da ameaça.

O primeiro detalhe que você estranha é a trilha sonora nada convencional, com elementos jazzísticos que caberiam perfeitamente nos policiais blaxploitation norte-americanos, com toques eventuais de um piegas lounge. A estranheza compreensível logo dá lugar ao fascínio hipnótico.

O jovem herói Takamaru é vivido por Hiroyuki Sanada, que, anos depois, foi o primeiro ator japonês a ser aceito na Royal Shakespeare Company. O público de hoje pode lembrar dele no épico protagonizado por Tom Cruise, “O Último Samurai”. Outra curiosidade interessante para aqueles que gostam de estudar a história oriental, há uma subtrama sobre o ladrão ninja Ishikawa Goemon, espécie de Robin Hood japonês, uma figura semi-histórica que é tema de alguns filmes da já citada série “Shinobi no mono”.

O grande Tetsuro Tamba vive o velho sensei de cabelos brancos na ótima cena de treinamento do herói, situação que, aos olhos de qualquer pessoa normal, assemelha-se mais a uma tortura.

O filme foi lançado buscando o público adolescente, mas o domínio da televisão já estava prejudicando financeiramente o estúdio Toei. É propositalmente abusado, despretensioso, camp, em suma, muito divertido.

Cotação: 

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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