Críticas

“Inferno na Torre”, de John Guillermin

Inferno na Torre (The Towering Inferno – 1974)

Clássico filme-catástrofe sobre um incêndio que começa em um arranha-céu de São Francisco durante a cerimônia de abertura, com a presença de uma série de convidados importantes. Um chefe dos bombeiros (Steve McQueen) com excesso de trabalho e o arquiteto (Paul Newman) do edifício devem cooperar na luta, para salvar vidas e dominar o pânico, enquanto um corrupto empreiteiro tenta fugir da responsabilidade pelo desastre.

Produzido por Irwin Allen, marcou a primeira parceria entre dois grandes estúdios, Warner e Fox, que evitaram inteligentemente a pulverização que ocorreria caso dois filmes com a mesma temática viessem à público na mesma época (como aconteceu décadas depois com “Volcano” e “O Inferno de Dante”), com trilha sonora composta pelo mestre John Williams e roteiro escrito por Stirling Silliphant (do premiado “No Calor da Noite”) a partir de dois livros: “The Tower”, de Richard Martin Stern, e “The Glass Inferno”, de Thomas N. Scortia e Frank M. Robinson, criando um conto preventivo que mostra os personagens desesperados fazendo tudo o que não se deve fazer em um incêndio desta magnitude. É, desta forma, bastante educativo.

O elenco espetacular, capitaneado por Steve McQueen e Paul Newman, traz nomes respeitadíssimos como William Holden, Faye Dunaway, Fred Astaire (que, numa demonstração de estúpido preconceito dos acadêmicos, recebeu sua única indicação ao Oscar e um prêmio BAFTA por um trabalho totalmente fora de sua área de conforto, os musicais), Susan Blakely, Richard Chamberlain, Robert Vaughn, Robert Wagner, Susan Flannery e, em sua despedida das telas, Jennifer Jones.

Lançado no ano mais explosivo para o subgênero, competindo com “Aeroporto 75” e “Terremoto”, sagrou-se vitorioso nas bilheterias de forma justa, apesar de ter problemas de ritmo, especialmente no primeiro ato, o resultado é o mais satisfatório, com efeitos visuais que, vale ressaltar, resistiram muito bem ao teste do tempo.

O suspense é muito bem trabalhado, o público fica sabendo do perigo muito antes dos personagens, a tensão é palpável e, por vezes, alcança níveis épicos, como na sequência que envolve a tentativa de sobrevivência dos amantes, Robert Wagner e Susan Flannery, com direito a câmera lenta e ensurdecedora música dramática.

A cena é impecável tecnicamente, a pena é que ela desliza na mensagem nada sutil conservadora, já que os dois estão conscientes de que pagam moralmente pelo adultério, uma pequena tolice que não prejudica a eficiência sensorial do momento.

Este tributo ao trabalho inestimável dos valorosos bombeiros segue encantando públicos de todas as idades, lidando com uma tragédia profundamente humana, facilmente identificável, sem pesar demais a mão no melodrama, especialmente em comparação com seus similares.

Cotação: 

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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