Crítica nostálgica da clássica série “ALF, o ETeimoso” (1986-1990)

ALF, o ETeimoso (ALF – 1986-1990)

Gordon Shunway é um extraterrestre do planeta Melmac que segue um sinal de rádio para a Terra e acaba caindo na garagem da família Tanner, em Riverside, California. Os Tanners eram uma família comum, até a chegada do novo amigo, o qual apelidaram de ALF. 

O conceito idealizado pelo mágico e titereiro Paul Fusco, com seu parceiro Tom Patchett, parecia um tanto quanto bizarra à época, uma sitcom protagonizada por um alienígena fofinho e intensamente ácido em seus comentários politicamente incorretos, que, após sofrer um acidente com sua nave, acaba caindo na garagem de uma tradicional família norte-americana.

Muito diferente do encanto ingênuo dos Muppets de Jim Henson, a proposta em “Alf” era direcionada mais para os adultos. A Disney chegou a demonstrar interesse, mas, como é usual com a empresa do Mickey, eles teriam controle criativo total da obra, prerrogativa que Fusco não aceitou. Como a NBC estava numa maré de azar, precisando desesperadamente de algum produto bom, comprou o risco e deu sinal verde à produção do piloto.

O elenco, Max Wright (o pai), Anne Schedeen (a mãe), Andrea Elson (a filha adolescente) e o pequeno Benji Gregory, precisava dividir espaço nas filmagens com diversos aparatos técnicos, portas falsas e truques que possibilitavam a presença do operador do boneco nas cenas, algo que dificultava tremendamente o processo. A ideia de aguardar tanto tempo para contracenar (e fazer escada) para um boneco incomodava Wright, um ator veterano do teatro, causando um clima complicado no set.

 

Os meus episódios favoritos (todos da primeira temporada):

Estranhos na Noite (02)

Todos, exceto Brian e ALF, decidem passar a noite fora de casa. Kate não quer que ALF cuide de Brian, então Willie chama a bisbilhoteira vizinha para a missão aparentemente tranquila.

À Procura da Sorte (03)

O sumiço do gato da família traz fortes indícios de que ALF tenha devorado o pequeno animal. 

O Negócio é Batalhar (05)

ALF é insultado quando os Tanners o consideram um parasita, logo, ele decide ganhar dinheiro vendendo cosméticos. E, claro, utiliza o cartão de crédito de Willie para dar início ao empreendimento. 

Somente Para Seus Olhos (06)

O episódio mais delicado e emocionante, a amizade entre ALF e uma senhora cega e solitária.

Não Tente me Mudar (08)

Lynn está animada porque seu namorado quer manter todos os equipamentos de sua banda na garagem dos Tanner. ALF não está feliz, porque descobre que está apaixonado pela jovem. 

Férias Desastrosas (11)

Willie sugere que a família vá para San Diego de férias. Kate adora a ideia, mas há um pequeno problema: o que fazer com o ALF? Como deixar ele sozinho? Uma receita para o desastre, a família decide que o melhor é levar ele na viagem.

Reunião de Família (13)

A mãe de Kate chega para uma visita surpresa que força os Tanners a trancar ALF na garagem por “alguns dias”. O problema é que a ALF simplesmente não consegue suportar ficar sem andar pela casa.

Uma Nova Filosofia (15)

Willie pega ALF comendo uma caixa de chocolate que seria um presente do Dia dos Namorados para Kate. Isto incita Willie a dar uma palestra à ALF sobre como ele não respeita a propriedade privada e precisa adotar uma nova atitude.

Através das Janelas (21)

Há um apagão de energia, então ALF decide passar o tempo observando os vizinhos dos Tanners, os Ochmoneks, que estão brigando constantemente. 

La Cucaracha (25)

Um inseto de Melmac tem uma reação inesperada quando exposto a substâncias químicas terrenas.

***

O desfecho da série na quarta temporada foi traumatizante para as crianças da época, já que deixava um gancho aterrorizante, com uma organização militar capturando o alienígena. A legenda “Continua…” prometia uma reviravolta feliz, mas o projeto foi cancelado logo depois. E, numa análise fria em revisão, apenas a primeira temporada realmente se sustenta pela qualidade, que caiu bastante nos anos posteriores, à medida em que o apelo infantil inesperado forçou os roteiristas à amenizar profundamente as situações cômicas. Se a ideia original estava mais para a ousadia de um “Groucho Marx alienígena”, após o primeiro ano, “Alf” foi se transformando em algo convencional, inofensivo.

Exibida na Globo nas manhãs de domingo de 1990 a 1993, a série conquistou o coração dos brasileiros, muito graças ao carisma arrebatador da dublagem inesquecível do grande Orlando Drummond, que marcou a minha infância.

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