O Desafio das Águias (Where Eagles Dare – 1968)
Durante a Segunda Guerra Mundial, um general dos Estados Unidos é capturado e feito prisioneiro no quartel-general da SS, nos Alpes da Baviera. Um grupo de soldados aliados tem a difícil missão de resgatá-lo. A operação torna-se ainda mais complicada quando descobrem que há um traidor entre eles.
Autor das obras que originaram “Os Canhões de Navarone” e “Estação Polar Zebra”, Alistair Maclean também escreveu “O Desafio das Águias”, mas, ao contrário das anteriores, já foi pensado inicialmente como projeto de cinema, o livro viria depois, com uma pegada mais cômica e bem menos violenta.
O jovem Clint Eastwood leu o roteiro e não gostou dos diálogos, recusou qualquer modificação em seu visual e pediu que o grosso do material fosse desviado para o personagem de Richard Burton, que estava tão bêbado na época que provavelmente nem notou, algo que acabou transformando seu silencioso tipo em uma fria máquina de eliminar.
O diretor Brian G. Hutton começou como ator na indústria, sendo convocado no início da década de cinquenta pelo produtor Hal Wallis. Com dois projetos fracos no currículo, como “O Apartamento… e Suas Possibilidades” (1966), a escolha dele para este épico de guerra foi curiosa, mas o resultado é bem competente.
O primeiro ato tem problemas de ritmo, o que torna a experiência bastante cansativa em vários momentos, mas quando os personagens começam a preparar efetivamente a invasão, a ação se torna elemento dominante, o filme decola.
A proposta despretensiosa que trata o evento histórico como pura e divertida aventura pulp, enfatizada na trilha sonora empolgante de Ron Goodwin, é o embrião de “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino, mas também serviu de inspiração para “Rambo 2 – A Missão” e seus similares na década de oitenta.
Não há intenção de aprofundar as motivações dos personagens, o foco está nas elaboradas sequências de ação, como todas que envolvem o teleférico em movimento, que contaram com a coordenação técnica do veterano Yakima Canutt, o responsável por cenas como a corrida de quadrigas em “Ben-Hur” (1959).
A reviravolta do desfecho pode parecer interessante à primeira vista, mas, analisada friamente, não faz o menor sentido dentro da narrativa, já que depende de uma soma de coincidências impossíveis de prever. De qualquer forma, conta como ponto positivo pela ousadia.
Como curiosidade, “O Desafio das Águias” é o filme de guerra favorito de Steven Spielberg.
Cotação:
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