Críticas

Crítica de “Maria Callas – Em Suas Próprias Palavras”, de Tom Volf

Maria Callas – Em Suas Próprias Palavras (Maria by Callas – 2017)

Um olhar intimista sobre a vida e a obra da cantora de ópera greco-americana Maria Callas, com filmagens nunca antes vistas, nas palavras da própria artista.

Os primeiros vinte minutos trabalham a elegante mitificação, as imagens superam as palavras, culminando com um registro integral de “Casta Diva”, de Bellini. É a partir deste ponto que o documentário se mostra estruturalmente inteligente, já que aquela figura sempre perfeita diante das câmeras, ainda que distante, plenamente consciente de que está sendo admirada, vai se mostrando cada vez mais vulnerável, humana, até o momento em que fala abertamente aos jornalistas sobre sua frustração artística, sem rodeios, tornando-se verdadeiramente interessante, com camadas psicológicas que passam a ficar evidentes até mesmo nas sequências mais triviais.

O roteiro equivocadamente parte da premissa de que todos os espectadores conhecem a fundo a vida da cantora lírica grega. Volf utiliza apenas fontes primárias em sua pesquisa, logo, qualquer evento que não seja amparado por filmagens diretas ou textos jornalísticos, acaba se tornando uma lacuna na montagem deste quebra-cabeça. Há também problemas de ritmo, com a inserção de longas apresentações quebrando a narrativa, além da questionável utilização excessiva da narração em off, elemento que visa potencializar o toque intimista, mas que resulta em uma execução truncada, esteticamente convencional, o que acaba trabalhando contra o aspecto de rebeldia que o temperamento forte da homenageada sugere em várias cenas.

Ao optar por esta abordagem exageradamente apaixonada pelo material, o diretor Tom Volf acaba perdendo um pouco da objetividade na análise, criando um produto extremamente atraente para os já iniciados, mas potencialmente entediante para curiosos.

Cotação: 

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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