O Retorno de Mary Poppins (Mary Poppins Returns – 2018)
Numa Londres abalada pela Grande Depressão, Mary Poppins (Emily Blunt) desce dos céus novamente com seu fiel amigo Jack (Lin-Manuel Miranda) para ajudar Michael (Ben Whishaw) e Jane Banks (Emily Mortimer), agora adultos trabalhadores que sofreram uma grande perda. As crianças vivem com os pais na mesma casa de 24 anos atrás e precisam da babá enigmática e o acendedor de lampiões otimista para trazer alegria e magia de volta para suas vidas.
A proposta de ser uma continuação, ao invés de uma refilmagem, trabalha contra o resultado. É impossível deixar de comparar com os esforços do original de 1964, que, sem os efeitos de última geração, conseguia transbordar magia e encantamento. Outro ponto frustrante é constatar que, ao final da sessão, não havia sequer um trecho de qualquer composição musical em minha mente.
As pérolas criadas outrora por Richard M. Sherman e Robert B. Sherman encontram nas melodias de Marc Shaiman, com exceção da delicada “The Place Where Lost Things Go”, pífias substitutas, sem brilho, irritantemente artificiais, coreografadas com uma pegada Broadway exageradamente artificiais. Basta dizer que a linda sequência emoldurada por “Feed The Birds” no original, sozinha, consegue ser mais emocionante que todo “O Retorno de Mary Poppins”.
O roteiro de David Magee não consegue equilibrar a fantasia ingênua e as várias curvas sombrias da jornada, deixando o elemento de pureza com cara de especial televisivo ruim de Natal, característica potencializada ainda mais pela falta de carisma natural dos personagens, especialmente Jack, que realmente acredita que manter um sorriso eterno nos lábios pode compensar um arco narrativo frágil.
É tudo tão mecânico, “maquiado” e cronometrado que, em vários momentos, parecia que eu estava vendo uma paródia do gênero. Há relances aterradores da trama de “Hook – A Volta do Capitão Gancho”, com o casal de irmãos amadurecidos que perderam contato com a mágica da infância, mas alguns detalhes, como a paleta de cores frias que domina o primeiro ato e a composição visual de Michael, com um bigode caricato, referência tola à figura paterna, dificultam ainda mais a imersão emocional.
Colin Firth faz o que pode com o material que recebeu, o seu personagem não passa de uma caricatura vilanesca. A breve participação da sempre competente Meryl Streep é um adorno curioso, mais exótico do que simpático, inserida de forma desajeitada e pouco orgânica na trama. Já a presença do veterano Dick Van Dyke, pelo contrário, traz frescor, você sente pela primeira vez calor humano, um coração pulsante em cena (a segunda, sem revelar muito, ocorre próximo do desfecho, com a participação de uma atriz que é um medalhão da Disney).
Emily Blunt, apesar de muito esforçada, não consegue acertar o tom perfeito de severidade e doçura que Julie Andrews transmitia apenas no olhar. Ela busca algo mais fiel aos livros de P.L. Travers, que pende mais para uma irritante arrogância, opção que, aliada à frieza robótica da direção de Rob Marshall, prejudica ainda mais a experiência.
O retorno não se justifica, não há catarse, em suma, uma entediante e inglória homenagem ao clássico que ainda se mantém eficiente para o público de todas as idades.
Cotação:
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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Puxa estou ansiosa para assistir, mas sua opinião me deixou apreeensiva, sim porque levarei minha sobrinha de 9 anos e eu havoa dito q era uma nova edição, e não continuação....tenho um briquedo que ganhei aos 9 anos que é a Mary e as crianças, onde colocamos as roupas que são mostradas no filme original. Minha sobrinha adorou brincar, é bem lúdico, ?
Joyce, pode levar sem medo, mas é um filme muito inferior ao original. Se a sua sobrinha não viu o original, eu recomendo que comece mostrando ele.
Bjão!!