Críticas

Crítica de “Homem-Aranha no Aranhaverso”, de Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman

Homem-Aranha no Aranhaverso (Spider-Man: Into the Spider-Verse – 2018)

O Homem-Aranha atravessa dimensões paralelas e se une aos Homens-Aranha destas dimensões para impedir uma ameaça a toda a realidade.

Esta animação infanto-juvenil, dirigida por Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman, com roteiro de Phil Lord (de “Uma Aventura Lego”), é o clássico caso em que a forma é muito mais relevante que o conteúdo, uma divertida viagem lisérgica que começa transbordando atitude, mas, devido ao excesso estético, acaba prejudicando sensorialmente a experiência no segundo ato, cansando e anestesiando o público que, beirando um ataque epilético nos quinze minutos finais, capta com reduzido impacto emocional a bonita mensagem da simplória trama: todos podem ser heróis na vida, tentando agir com excelência em seu microcosmo.

O maior acerto é a produção utilizar sem timidez a linguagem dos quadrinhos, em todas as suas variantes, prestando homenagens para os leitores mais dedicados, como a utilização da versão do “Rei do Crime” da graphic novel “Demolidor – Amor e Guerra”, de Frank Miller e Bill Sienkiewicz, que agiganta o personagem no quadro, simbolizando sua ambição desmedida, contrastando visualmente com a fragilidade de seu calcanhar de Aquiles, o amor que sente pela esposa, Vanessa, elemento que, aliás, era o leitmotiv da história citada. Outro toque positivo foi evitar engordar ainda mais a quantidade de informações disparadas na tela desenvolvendo ele, que é tratado apenas como pura caricatura vilanesca, já que o real conflito a ser enfrentado pelo jovem Miles Morales é sua dificuldade em aceitar suas falhas, assim como lidar de forma madura com as expectativas de outrem.

Ao ser visto à luz do recente falecimento do mestre Stan Lee (que, sem revelar muito, marca presença de uma forma muito bonita), o filme ganha contornos que vão além do leve escapismo, já que, em sua essência, trata da matéria-prima de todas as criações dele, o amadurecimento forçado pelo senso de responsabilidade e a necessidade evolutiva de saber se adaptar às circunstâncias.

Cotação: 

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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