Capitã Marvel (Captain Marvel – 2019)
Carol Danvers (Brie Larson) se torna uma das heróis mais poderosas do universo quando a Terra se mete no meio de uma guerra galáctica entre duas raças alienígenas.
“Capitã Marvel”, mais uma bobagem da fórmula Marvel, cheia de pontas soltas, furos abismais de roteiro, inserções equivocadas de alívios cômicos, tudo calculadinho, empacotado para satisfazer a garotada menos criteriosa e, claro, “lacrar” (e lucrar) com a rasteira politização do feminismo na pauta política internacional. É um péssimo sinal quando algo que ocorre antes mesmo do filme iniciar, uma bela homenagem à Stan Lee, consegue ser mais impactante emocionalmente do que todo o restante da obra.
O desespero para entregar esta história com protagonismo feminino em tempo de aproveitar a demanda do mercado, servindo também como gancho para a próxima aventura dos “Vingadores”, apesar de esvaziada de peso dramático (para qualquer pessoa psicologicamente madura acima dos 12 anos de idade), foi determinante no resultado perceptivelmente displicente. Os roteiristas/diretores Anna Boden e Ryan Fleck, com currículos sem brilho, conduzem a trama sem paixão pelo material, uma abordagem tão genérica que chega a irritar em diversos momentos.
Brie Larson é uma atriz adorável e muito competente, mas neste projeto ela não convence, parece até que, durante as filmagens, ela foi se conscientizando de que estava defendendo uma caricatura sem um mínimo de refinamento narrativo. Há química em sua parceria com um Samuel L. Jackson rejuvenescido por computação gráfica, recurso executado com a eficácia usual, mas a qualidade dos diálogos é tão baixa, que o carisma natural se esvai rapidamente. Até mesmo o elemento nostálgico, um dos pontos centrais, falha em captar a memória afetiva de quem viveu plenamente a década de 90, tudo soa forçado, inclusive as opções musicais. O roteiro faz questão de te manter afastado, frio, praticamente a antítese da proposta do excelente “Guardiões da Galáxia”, de James Gunn.
Quer apresentar à sua filha pequena uma heroína para ela se tornar realmente “empoderada”? Comece pela seara literária. Com tantas mulheres fortes, como Júlia Kendall, dos quadrinhos italianos da Bonelli, a sardenta Pippi Longstocking, da autora Astrid Lindgren, a Narizinho, de Monteiro Lobato, a Matilda, de Roald Dahl, ou a Miss Marple, de Agatha Christie, não subestime a inteligência da menina com este fast food de má qualidade, dominado por atuações apáticas e com um terceiro ato fraco até mesmo para os padrões ensurdecedores da própria empresa.
Cotação:
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