O Submarino Amarelo (Yellow Submarine – 1968)
John, Paul, George e Ringo enfrentam em seu Submarino Amarelo o exército de Blue Meanies que chegaram a Pepperland para acabar com toda a música, paz e amor que lá reinavam.
A minha relação com esta animação é curiosa, eu sou apaixonado pelos Beatles desde pequeno, mas só comecei a gostar de “O Submarino Amarelo” no período da faculdade. Acostumado na infância à desenhos mais tradicionais, ao estilo Disney, achava tudo muito esquisito, o senso de humor também não me agradava, nem mesmo as músicas maravilhosas garantiam minha permanência na frente da televisão.
Durante muito tempo este projeto foi mantido em um calabouço no terreno da memória, até que reencontrei a pérola em uma exibição no canal Telecine Happy, provavelmente em 2001, gravei em VHS e dediquei um olhar mais carinhoso. Já pude então estabelecer relação entre o estilo de Terry Gilliam, do Monty Python, e os esforços pioneiros de George Dunning, John Coates e Jack Stokes.
O bacana é que os próprios Beatles não estavam empolgados a princípio, a trilha sonora se limitava a sobras de estúdio e sucessos de discos anteriores, eles sequer dublaram as vozes dos personagens, aquilo era apenas uma obrigação contratual com a United Artists, mas, durante o processo, vendo a qualidade da obra e a inovadora estética psicodélica, eles voltaram atrás e filmaram uma simpática participação que seria inserida no final da trama.
O conceito é bastante simples, a graça está na forma como os animadores trabalham as metáforas e, claro, na esperteza de abraçar nos diálogos afiados as personas públicas dos quatro músicos. Os vilões se incomodam com a alegria do povo da colorida Pepperland, decidindo então destruir a cultura (um dos primeiros alvos é a banda musical que conduzia a massa, a “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, disco que os realizadores do filme veneravam) e transformar todos em pedras cinzas.
A esperança retorna quando o Submarino Amarelo traz de Liverpool os espirituosos John Lennon, George Harrison, Paul McCartney, Ringo Starr, que viajam por vários oceanos carregando a mensagem do amor e da liberdade, com interlúdios inspirados levemente em letras das canções do quarteto. Vale destacar os segmentos “Eleanor Rigby”, um show do diretor de efeitos especiais Charlie Jenkins, e “Lucy in The Sky With Diamonds”, simplesmente espetaculares.
Um sucesso de público na época que merece ser redescoberto pela nova geração, já que conta com uma trilha sonora que celebra a magia da melhor banda de todos os tempos em seu auge criativo.
Cotação:
Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…
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