Pica-Pau (Woody Woodpecker – 1940-1972)
Eu sinceramente sinto pena da criançada de hoje que se diverte com youtubers teens idiotizados e desenhos animados criados por pessoas que parecem estar odiando o serviço, rabiscos e cores exageradamente berrantes, histórias absurdamente tolas, que qualquer adulto vê e não suporta ficar nem cinco minutos na frente da televisão.
Na minha época de menino, o entretenimento infantil capturava também a atenção dos adultos. Eu adorava “Os Impossíveis”, “Manda-Chuva”, “Caverna do Dragão”, “Thundercats”, “DuckTales”, “Os Jetsons”, os curtas da Disney, como “O Jardim do Mickey” (que eu via todo santo dia no VHS: “Meu Amigo Mickey”), “He-Man”, “Muppet Babies”, “Popeye”, “Tom e Jerry”, “Os Superamigos”, “Wally Gator”, “Jonny Quest”, “Cavalo de Fogo”, “Os Herculoides”, “Frankenstein Jr.”, “Space Ghost”, “Os Flintstones”, “Charlie Brown e Snoopy” e “Dennis, o Pimentinha”, entre muitos outros, eu poderia tomar mais uns dois parágrafos só puxando de memória afetiva.
Só que tem um que eu gostava um pouco mais, que me acompanhou na transição da primeira infância à pré-adolescência, atravessando depois bravamente aquele período na vida de todos nós em que, por insegurança natural, rejeitamos tudo o que nos agradava outrora, afinal, queremos desesperadamente mostrar que já somos adultos. Eu chegava da faculdade cansado e se estivesse passando uma de suas aventuras, eu relaxava sem culpa gargalhando do eterno “Pica-Pau”, criado por Walter Lantz e Ben Hardaway, com voz de Mel Blanc (na dublagem brasileira, Walter Silva, Olney Cazarré e Garcia Jr.), um conceito simples e brilhante, pelo menos em seus anos iniciais, antes do personagem ter sido “adestrado”, virando um respeitado tio, uma ave de bem. Sim, nas primeiras aparições, ele mantinha um visual completamente destrambelhado e uma personalidade agressiva, em suma, hilária!
Se não mexer com ele, não há problema, a sua diversão é bicar madeira, mas se ele for incomodado, já era, a ave azul fará de tudo para descontar sua raiva. Sem pudor, as tramas envolviam alcoolismo, todo tipo de vícios, algo que perturbava os censores. O vilão mais marcante era o leão-marinho Leôncio, com sotaque sueco, mas não posso esquecer também do ardiloso Zeca Urubu.
No curta “O Famoso Diplomata” (The Dippy Diplomat – 1945), um detalhe curioso evidencia um dos segredos para o sucesso atemporal dele entre crianças e adultos. Ele é apresentado dormindo tranquilamente nos braços de uma estátua de rua, referência direta à forma como o Carlitos, de Chaplin, é apresentado no inesquecível “Luzes da Cidade” (City Lights – 1931). A essência do pequeno vagabundo é a mesma de Pica-Pau, ambos debocham das figuras de autoridade, são os outsiders, os heróis do povo.
Abaixo, preparei uma lista com os meus curtas favoritos desta fase inicial:
Abaixo, os melhores episódios da fase clássica:
Cotação:
Você sabia que até o grande FRANK SINATRA gravou a música-tema do desenho, composta por George Tibbles e Ramey Idriss?
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