Eu Não Sou Uma Bruxa (I Am Not a Witch – 2017)
Depois de um incidente banal em sua vila, a menina de 8 anos Shula (Maggie Mulubwa) é acusada de bruxaria. Depois de um rápido julgamento, a garota se torna culpada e é levada em custódia pelo Estado, sendo exilada para um campo de bruxas no meio do deserto. No local, ela passa por uma cerimônia de iniciação em que aprende as regras da sua nova vida como bruxa. Como as outras residentes, ela é amarrada em uma grande árvore, sendo ameaçada de ser amaldiçoada e de se transformar em uma cabra caso corte a fita.
Um dos filmes mais interessantes que vi no Festival do Rio e que, finalmente, está sendo lançado no circuito nacional pela Imovision. Estreia segura em longas da roteirista/diretora zambiense Rungano Nyoni, infelizmente está sendo reduzida no Brasil em textos de militantes partidários (profissionais da crítica nas horas vagas) que buscam politizar em excesso a trama, com generosa utilização de chavões como “empoderada” e “patriarcado”, revestindo este simples e bem-humorado conto de fadas contemporâneo burlesco com o peso de um verniz ideológico insuportável.
Como ponto negativo, não faria mal uma resolução menos hermética, favoreceria o apelo comercial internacional, mas as escolhas estéticas bastante originais compensam qualquer deslize, assim como a crítica com ar nonsense à comercialização que o governo faz das tradições mais exóticas aos turistas (similar ao que ocorre, por exemplo, com os indígenas no Brasil, apropriados por políticos populistas e mantidos na miséria controlada como caricatural massa de manobra, quando podem e querem se integrar à sociedade moderna), tudo emoldurado por uma espirituosa trilha sonora que mistura ritmos africanos com trechos de “As Quatro Estações” de Vivaldi, algo que potencializa a necessária sensação de estranheza.
Nyoni fez seu laboratório para o filme vivendo durante um mês em um acampamento real de bruxas em Gana, testemunhando a estupidez retrógrada que ainda domina o local, experiência que só poderia ser retrabalhada artisticamente em tom farsesco, satírico, viés que a pequena Maggie Mulubwa capta com precoce maturidade, conseguindo transmitir intensa variedade de sentimentos em profundo e gritante silêncio.
Cotação:
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