Críticas

Crítica de “Homem-Aranha: Longe de Casa”, de Jon Watts

Homem-Aranha: Longe de Casa (Spider-Man: Far from Home – 2019)

Peter Parker (Tom Holland) está em uma viagem de duas semanas pela Europa, ao lado de seus amigos de colégio, quando é surpreendido pela visita de Nick Fury (Samuel L. Jackson). Precisando de ajuda para enfrentar monstros nomeados como Elementais, Fury o convoca para lutar ao lado de Mysterio (Jake Gyllenhaal), um novo herói que afirma ter vindo de uma Terra paralela. Além da nova ameaça, Peter precisa lidar com a lacuna deixada por Tony Stark, que deixou para si seu óculos pessoal, com acesso a um sistema de inteligência artificial associado à Stark Industries.

O dedo de Erik Sommers no roteiro, responsável pelo fraquíssimo “Homem-Formiga e a Vespa”, pode explicar muitos problemas no desenvolvimento da trama.

O herói, bastante descaracterizado em sua essência, é pouco mais que um acessório narrativo no atual universo cinematográfico Marvel, algo que fica mais evidente nesta nova produção. A subtrama romântica com a MJ da bela Zendaya simplesmente não funciona organicamente, não há química entre o casal, os alívios cômicos beiram o ridículo em várias cenas (perceba a quantidade de professores infantilizados), o valor do ingresso é justificado apenas nas sequências de ação, especialmente no terceiro ato, mérito obrigatório considerando a fortuna investida pelos executivos.

Ao utilizar a figura do Homem de Ferro como uma variação de “Tio Ben”, os produtores conseguiram injetar emoção no desfecho da recente aventura dos Vingadores, mas, na mesma medida, tomaram de Peter Parker a sua base forte. Ben era um homem comum, Tony Stark estava longe de ser isto. Enquanto a ausência do tio engrandece o adolescente nos quadrinhos e na trilogia de Sam Raimi, a lacuna deixada por Stark reduz os seus méritos. Transformar a criação de Stan Lee e Steve Ditko em um wannabe Homem de Ferro é até ofensivo para os fãs mais dedicados.

O filme não esconde ser apenas um derivado sem brilho do ótimo “Vingadores – Ultimato”, diluído de propósito e prejudicado ainda mais por uma história inconclusiva, além da presença de um antagonista tolo, estabelecido de maneira frágil, alicerçado em um roteiro que subestima a inteligência do público, equívoco rasteiro. E as duas cenas pós-créditos conseguem o impensável, amargar aquilo que já foi difícil de engolir.

O amigo da vizinhança não merecia passar este constrangimento.

Cotação:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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