Críticas

“Piranha” (1978), de Joe Dante

Piranha (1978)

Um cardume de piranhas geneticamente modificadas escapa de um laboratório de pesquisas científicas do exército americano e acaba num rio e num lago infestado de veranistas e crianças em férias.

Joe Dante comandou várias pérolas que fizeram parte da infância da minha geração, como “Gremlins”, “Grito de Horror” e “Viagem ao Mundo dos Sonhos”, mas o seu exótico passaporte para Hollywood foi esta picaretagem de baixo orçamento que surfava na onda de sucesso do “Tubarão”, de Spielberg. O resultado foi tão criativo e espirituoso, que o plagiado elogiou publicamente o colega, rejeitando o bonito processinho que seus advogados já estavam preparando. Os dois viraram amigos e parceiros profissionais, Spielberg acabou produzindo as maiores bilheterias de Dante.

A experiência prévia de Dante como montador nos trailers dos filmes de Roger Corman está presente na competência com que ele dribla a precariedade técnica e consegue incutir tensão nos ataques debaixo d’água. As lacunas no desenvolvimento de personagens são preenchidas pela utilização generosa do gore, ousando inclusive ao envolver crianças nas sequências mais brutais, algo que, por exemplo, seria impensável nos projetos de Spielberg. É provável que esta coragem divertidamente irresponsável tenha sido o elemento que fascinou o colega famoso.

É muito bom ver a musa do horror gótico italiano Barbara Steele, ainda que subaproveitada como a enigmática cientista, assim como vale destacar a eficácia dos efeitos de maquiagem do novato Rob Bottin, que se tornaria anos depois um dos nomes mais respeitados em sua função, trabalhando em títulos como “Robocop”, “O Enigma de Outro Mundo”, “O Vingador do Futuro” e “Seven – Os Sete Crimes Capitais”.

Lançado na mesma época que o inferior “Tubarão 2”, segue charmoso e divertido, merece ser redescoberto e reavaliado.

  • Você encontra o filme em DVD e, claro, garimpando na internet.
Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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  • Adoro esse filme. Tive a sorte de rever no TCM. E poderia ter ficado só aqui, mas James Cameron apareceria 3 anos depois com seu inacreditável Piranha II: Assassinas Voadoras (queremos peixe, queremos peixe!!!!). Aí já viu, né? Rsrsrs

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