Críticas

“Graças à Minha Boa Estrela”, de David Butler

Graças à Minha Boa Estrela (Thank Your Lucky Stars – 1943)

Os produtores Schlenna e Farnsworth (S.Z. Sakall e Edward Everett Horton) estão organizando um show beneficente para enviar dinheiro para as tropas na guerra, chamado “Cavalgada das Estrelas”, mas a presença e o ego de Eddie Cantor, estrela do rádio, podem colocar tudo a perder. Enquanto isso, a aspirante a atriz Pat (Joan Leslie) começa a namorar Joe (Eddie Cantor), que é motorista de ônibus e também sonha com uma carreira artística. Um detalhe: ele é a cara de Eddie, fato que muito o tem prejudicado. Quando o verdadeiro Eddie é sequestrado, Pat e Joe conseguem sua grande chance e se tornam astros.

Este filme é, acima de tudo, uma cápsula do tempo encantadora, que te pega pela mão e conduz à era de ouro de Hollywood, tempo em que as pessoas literalmente saíam de suas casas vestidas em seus trajes mais elegantes para um par de horas na sala escura.

Época linda em que cinema, com todo o ritual que o envolvia, era a atração principal, não o passatempo genérico inserido em um dia de compras no shopping center. O chamariz mais atraente era a estrela cujo fascínio sempre era alimentado pelas matérias jornalísticas, sempre sorridentes nas capas de “Cinelândia”.

Analisando este contexto, você pode imaginar o evento espetacular que era prestigiar um musical que reunia estes medalhões. Todos os estúdios do período, especialmente durante a guerra, investiam pesado neste escapismo, utilizando seus artistas contratados em produções visualmente grandiosas, divertindo as tropas e aliviando a preocupação de seus familiares. Aqui, vivendo eles mesmos, temos Bette Davis, Errol Flynn, Ann Sheridan, John Garfield, Dinah Shore, Olivia De Havilland, George Tobias, Alan Hale, Hattie McDaniel, Willie Best, Joan Leslie, Dennis Morgan e Ida Lupino.

O forte não é o roteiro, a proposta é divertir e o diretor David Butler, que anos depois faria “Ardida Como Pimenta”, cumpre com louvor esta missão. É muito agradável, especialmente se você for um cinéfilo dedicado, ver Bogart, Davis, Flynn, entre outros, tirando sarro de suas próprias personas, a primeira dama do cinema, aliás, faz bonito cantando “They’re Either Too Young or Too Old” (a letra espirituosa, “os bons homens estão no exército, os que sobram jamais vão me ferir”), indicada ao Oscar.

Cotação:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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