Críticas

Crítica de “Midsommar – O Mal Não Espera a Noite”, de Ari Aster

Midsommar – O Mal Não Espera a Noite (Midsommar – 2019)

Dani (Florence Pugh) e Christian (Jack Reynor) formam um jovem casal americano com um relacionamento prestes a desmoronar. Mas depois que uma tragédia familiar os mantém juntos, Dani, que está de luto, convida-se para se juntar a Christian e seus amigos em uma viagem para um festival de verão único em uma remota vila sueca. O que começa como férias despreocupadas de verão em uma terra de luz eterna toma um rumo sinistro quando os moradores do vilarejo convidam o grupo a participar de festividades que tornam o paraíso pastoral cada vez mais preocupante e visceralmente perturbador.

“Hereditário” entrou em minha lista de Melhores do Ano, uma perturbadora experiência pensada para o público emocionalmente adulto, mas seu diretor peca desta feita pela pretensão astronômica que não se justifica plenamente em uma trama rasteira. Os primeiros quinze minutos são sensorialmente muito eficientes, um retrato tenso e macabro, o efeito ajuda a manter algum interesse durante a primeira hora, apesar de nada relevante acontecer, mas o ritmo lento acaba desgastando a construção de clima.

A distribuidora A24 é um sopro de ar fresco na indústria, primando pelo não-convencional, mas desta vez a alegoria sobre depressão (como ferramenta de manipulação), sobre não se encaixar na sociedade, utilizando como moldura o subgênero do horror folclórico, falha no essencial, em sua execução.

Os últimos vinte minutos apostam no choque pelo choque, amparando a previsibilidade preguiçosa com muito gore e nudez, forçando a barra na suspensão de descrença do espectador, elementos que podem satisfazer aqueles com pouca bagagem cinematográfica. A vaidade de Aster fica evidente em sua autoindulgência, muito estilo e pouca substância, péssimo sinal considerando que ele está apenas iniciando na carreira.

A fotografia do polonês Pawel Pogorzelski é belíssima, mérito inegável, mas o gosto residual pós-sessão, com inspiração óbvia no clássico “O Homem de Palha” (com quem deveria ter aprendido que menos é sempre mais), afinada no diapasão caótico dos filmes do diretor Gaspar Noé, com um senso de humor deslocado e sutis ecos do surrealismo da obscura pérola tcheca “Valerie e Sua Semana de Deslumbramentos”, fica pior a cada minuto que penso em seu desenvolvimento narrativo.

A inchada duração irrita mais do que provoca, o roteiro abusa da semiótica, de forma que o objetivo parece ser confundir bastante o público para que não se perceba que o conteúdo é apenas tolo.

Cotação:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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