Um Dia no Campo (Partie de Campagne – 1936)
No final do século XIX, os membros de uma família burguesa vão passar um dia no campo. Lá, Henriette e sua mãe decidem ficar mais em contato com a natureza e optam por fazer um piquenique às margens do Rio Marne para aproveitar da calmaria do local. Lá, elas avistam dois jovens moradores camponeses e logo vislumbram a possibilidade de uma aventura com eles. A personalidade dos quatro é bem diferente, enquanto Rodolphe e Juliette são lascivos e frívolos, Henri e Henriette sofrem com sombrias emoções.
Você vê a grandeza de um diretor quando até mesmo um filme seu incompleto, com duração total de quase quarenta minutos, consegue ser brilhante. É o caso de “Um Dia no Campo”, baseado no conto homônimo de Guy de Maupassant. A trama necessitava das manhãs ensolaradas, mas a constante chuva frustrou a equipe, o roteiro teve que ser adaptado várias vezes, até que Renoir cansou de esperar e preferiu se focar no projeto seguinte, o intensamente político “O Submundo”, adaptado da peça de Gorky. Ele foi finalizado dez anos depois pelo produtor com a utilização de um intertítulo explicativo para compensar cerca de quinze minutos que não foram filmados.
Vários recursos visuais que seriam explorados anos depois em “A Regra do Jogo” foram testados aqui, mas o segredo da eficiência da obra é sua simplicidade, a admiração da câmera e dos personagens pelos pequenos prazeres da vida (simbolizada, por exemplo, na cena da jovem se divertindo no balanço, com a câmera acompanhando o movimento), uma celebração do relacionamento entre o homem e a natureza, exalando calor humano e lirismo em sua evocação do pastoral impressionista, remetendo às pinturas de seu pai, Pierre-Auguste, como na sequência do jogo de sedução entre Henriette (Sylvia Bataille) e Henri (Georges Darnoux) na ilha fluvial, defendida pelo lendário crítico francês André Bazin como uma das mais bonitas já feitas.
A melancolia que permanece com o espectador após a sessão é similar ao que Tati conseguiu, muitos anos depois, com o final de “As Férias do Sr. Hulot”. Um convite à revisão, uma joia delicada que deve ser amada, mais do que friamente estudada.
Cotação:
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