O Destino Bate à Sua Porta (The Postman Always Rings Twice – 1946)
Califórnia, anos 30. Nick Smith (Cecil Kellaway), o proprietário de um posto de gasolina e restaurante na beira da estrada, contrata Frank Chambers (John Garfield) como frentista. Ele logo passa a ter um affair com Cora Smith (Lana Turner), a jovem mulher do seu patrão, que o persuade a eliminar o marido e fazer parecer um acidente.
Antes mesmo de ser publicado, o livro original homônimo de James M. Cain já rondava os escritórios esfumaçados dos executivos dos estúdios, mas o medo da censura que com certeza bateria forte nos temas espinhosos (para a época), principalmente adultério, acabou adiando sua produção. A MGM aceitou correr o risco, comprou os direitos, mas deixou engavetado o projeto por longos doze anos, até que, desafiada pelo sucesso de público e crítica de “Pacto de Sangue”, da concorrente Paramount, adaptado de “Dupla Indenização”, de Cain, tão corajoso quanto “O Destino Bate à Sua Porta”, finalmente deu o sinal verde.
A primeira tomada já estabelece espirituosamente o leitmotiv do roteiro, um cartaz no posto de gasolina, “Precisa-se de homem”, claro, um ajudante remunerado, mas, também, um grito silencioso da linda e jovem esposa do dono, a femme fatale vivida por Lana Turner. Frank chega na hora certa, o seu comportamento é típico dos irresponsáveis, viaja com pouca bagagem, consegue se adaptar com facilidade em qualquer terreno, em suma, um cara que se considera esperto. Só que ele nunca imaginou que seria facilmente envolvido nas teias de uma tragédia anunciada.
A mulher, toque inteligente do figurino, sempre trajando resplandecente branco, pureza projetada enquanto extravasamento de uma realidade mentirosa, deixa cair de propósito seu batom (perceba a elegante rima visual no terceiro ato), atraindo a atenção do estranho para suas torneadas pernas, ela definitivamente sabe o que quer. Poucos minutos antes o público foi levado a conhecer seu marido, Nick (Cecil Kellaway), um coroa bonachão, baixinho e rechonchudo, a clássica definição de uma pessoa agradável, inofensiva. Na cabeça do faz-tudo a conta não fecha, aquele relacionamento é alicerçado por puro interesse, ele caiu na arapuca, questões éticas e morais embaralham-se no labirinto de seu inconsciente, o desafio agora é resistir ao canto da sereia.
Um dos melhores filmes Noir, com direção segura de Tay Garnett. O contraste perfeito de luz e sombras na fotografia de Sidney Wagner opera o milagre em várias cenas, convidando à empatia, conquistando o investimento emocional do espectador, apesar de seus protagonistas serem indivíduos terríveis em rota de colisão com o mundo.
Cotação:
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