Críticas

Crítica de “Downton Abbey”, de Michael Engler, na AMAZON PRIME

Downton Abbey (2019)

A continuação da história da família Crawley, proprietários ricos no interior da Inglaterra no início do século XX. Baseado na homônima série britânica.

A tarefa de analisar um filme derivado de uma série televisiva é simples, o roteiro tem que funcionar sozinho, sem levar em consideração o investimento emocional dos fãs com os personagens, já que os arcos narrativos fechados dos mesmos precisam conquistar um público novo, não-iniciado, em suma, apesar de gostar do material original, devo enxergar o longa-metragem, com sua linguagem própria, como um produto novo. “Downton Abbey”, com seu estilo folhetinesco elegante, se sustenta na sala de cinema?

Assim como o recente “El Camino”, sequência da série “Breaking Bad”, o projeto do diretor Michael Engler é um epílogo competente, mas, diferente deste, pouco atraente para quem não acompanhou a série. Os diálogos esbanjam o humor típico inglês, mas a crítica à divisão de classes no microcosmo reduzido da suntuosa propriedade recebe obviamente menos espaço.

A transição narrativa não é feita com fluidez, a decupagem é televisiva, não há uma mínima preocupação em adaptar para o novo formato, dando a clara impressão de que estamos diante de um episódio estendido, inegavelmente enfadonho e não especialmente memorável, mas que certamente vai aquecer os corações dos fãs.

A trama trabalha a reação causada pela inesperada visita do Rei George V (Simon Jones) e da Rainha Mary (Geraldine James), evento inspirado livremente em caso real, ocorrido em 1912, quando os monarcas pisaram o solo da Wenworth Woodhouse, uma grande propriedade localizada em Yorkshire. O foco do roteiro de Julian Fellowes, criador da série, está no hilário conflito de autoridade que se estabelece entre os criados do Palácio de Buckingham e seus colegas de Downton Abbey.

O único atrativo impecável para o público geral é, como sempre, a presença intensamente carismática da grande Maggie Smith, que prova já em sua primeira cena, com uma referência mordaz à Maquiavel, que segue mais afiada que nunca!

Cotação:

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

Recent Posts

Crítica de “O Brutalista”, de Brady Corbet

O Brutalista (The Brutalist - 2024) Arquiteto (Adrien Brody) visionário foge da Europa pós-Segunda Guerra…

2 dias ago

Dica do DTC – “Nazareno Cruz e o Lobo”, de Leonardo Favio

No “Dica do DTC”, a nova seção do “Devo Tudo ao Cinema”, a intenção não…

4 dias ago

Os MELHORES episódios da fascinante série “BABYLON 5”

Babylon 5 (1993-1998) Em meados do século 23, a estação espacial Babylon 5 da Aliança…

5 dias ago

Os 7 MELHORES filmes na carreira do diretor britânico JOHN SCHLESINGER

O conjunto de obra do saudoso diretor britânico John Schlesinger é impressionante, mas selecionei 7…

6 dias ago

PÉROLAS que ACABAM de entrar na NETFLIX

Eu facilitei o seu garimpo cultural, selecionando os melhores filmes dentre aqueles títulos que entraram…

1 semana ago

Crítica de “A Garota da Agulha”, de Magnus von Horn, na MUBI

A Garota da Agulha (Pigen Med Nålen - 2024) Uma jovem (Vic Carmen Sonne) grávida…

2 semanas ago