Críticas

Filmes BANIDOS, contraindicados para pessoas sensíveis

Eu selecionei filmes fora da curva que foram banidos em vários países, roteiros verdadeiramente perturbadores, mas, AVISO IMPORTANTE, não são indicados para pessoas sensíveis e, principalmente, menores de 18 anos.

Alguns contém sequências reais de abates de animais, entre outras bizarrices, material ofensivo e verdadeiramente perturbador, por conseguinte, muito competente em sua proposta. É sério, tive dificuldade até para encontrar imagens para ilustrar o texto.

Nekromantik (1987)

Robert (Daktari Lorenz) trabalha em uma empresa de limpeza de cadáveres. Depois de um incidente macabro, ele resolve levar para casa um cadáver. As coisas se complicam quando a namorada (Beatrice Manowski) dele se apaixona pelo falecido.

Este filme foi durante meu período de adolescência uma lenda, eu lia sobre ele em revistas de cinema, chegava a ter até pesadelos imaginando as cenas, tinha aquela curiosidade natural de fã do gênero, mas não encontrava em lugar algum. Aquele VHS medonho do “Faces da Morte”, que todo estudante levava para casa escondido dos pais e ficava apavorado de colocar no aparelho, constava em praticamente todas as locadoras de vídeo, mas nem mesmo o fornecedor pirata mais desenvolto da época conseguia colocar as mãos nesta obra do diretor alemão Jörg Buttgereit.

O mundo maravilhoso da internet salvou as vidas dos cinéfilos dedicados, nenhuma distribuidora brasileira em sã consciência teria coragem de lançar oficialmente em DVD, mas ele hoje faz parte da minha coleção. É bom? Não, muito longe disto, mas entrega momentos surpreendentes de reflexão (críticas à dessensibilização da sociedade e ao papel do entretenimento cultural neste processo), uma trilha sonora muito eficiente em prolongar o desconforto, além de um desfecho irônico sensacional protagonizado pela namorada, que infelizmente foi desrespeitado na inferior sequência, lançada em 1991.

Holocausto Canibal (Cannibal Holocaust – 1980)

O filme conta a história de quatro documentaristas de tribos que embrenham-se na selva para filmar indígenas. Dois meses mais tarde, depois que o grupo não retorna, o famoso antropólogo Harold Monroe (Robert Kerman) viaja em uma missão de resgate para encontrá-los. Ele consegue recuperar as latas de filme perdidas, que revelam o destino dos cineastas desaparecidos.

O filme do diretor Ruggero Deodato desconstrói o relacionamento entre a sociedade e os selvagens, mostrando que os monstros da história são os ditos civilizados, utilizando de forma pioneira o recurso narrativo do found footage, que a garotada hoje pensa que foi criado com “A Bruxa de Blair”, auxiliado por uma linda trilha sonora do grande Riz Ortolani, elemento que agrega arrepiante contraste às sequências estupidamente violentas.

O Bar Luva Dourada (Der Goldene Handschuh – 2019)

Na década de 70, os habitantes da cidade de Hamburgo sofrem quando os jornais começam a noticiar o desaparecimento sucessivo de vários cidadãos seguindo um padrão específico. Começa então uma das mais complexas investigações de assassinatos em série que o local já havia presenciado até o momento.

O mais recente da lista, dirigido pelo alemão Fatih Akin, uma obra-prima da brutalidade, baseada na história real do serial killer Fritz Honka, vivido brilhantemente por Jonas Dassler com uma maquiagem premiada que o deixou irreconhecível. O roteiro testa os limites do público, muitos relatos de abandono de sessão, inclusive nas salas brasileiras, comprovam que ele se esmerou.

É um retrato doentio que merece constar ao lado de clássicos no tema, como “Henry – Retrato de Um Assassino” e “A Tortura do Medo”.

Audição (Ôdishon – 1999)

Após a morte da esposa, um executivo é convidado pelo amigo cineasta a participar da escolha de uma atriz. O viúvo se interessa por uma bela e misteriosa candidata.

O impacto é grande porque o roteiro subverte a expectativa levantada durante o primeiro ato, esse é o toque de genialidade, somos conduzidos inicialmente pelas convenções de uma comédia romântica, que logo ganha tons melodramáticos, depois o diretor Takashi Miike flerta com o suspense e desorienta a percepção abandonando o conceito da linearidade, até encaminhar a trama para um desfecho extremamente repulsivo que parece saído diretamente dos arquivos da deep web.

O leitmotiv da solidão na multidão da selva de pedra eleva a qualidade do discurso e dá contornos poéticos para a violência, a desesperança inevitável ao constatar que nenhum escritor de literatura fantástica será capaz de criar um monstro tão cruel quanto o próprio ser humano.

Octavio Caruso

Viva você também este sonho...

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